Abstract:
O mundo de hoje é mutável, gerando mudanças em todos os campos. Porém, a educação encontra dificuldades, especificamente na escola, utilizando recorrentemente o modelo de ensino tradicional criado na Revolução Industrial. Apesar dos notáveis esforços na educação, como a metodologia ativa, ainda há uma incerteza em como transformar essa situação. Uma área que pode contribuir para atuar na complexidade disso é o design, devido a sua capacidade inventiva e estratégica que, desde uma perspectiva ontológica, preocupa-se com as relações entre os seres humanos e o mundo. Em seus processos inventivos encontra-se a prototipagem, uma atividade projetual que permite a geração de conhecimentos. Propõe-se repensar a compreensão da prototipagem a partir dos Estudos de ciência, tecnologia e sociedade (STS). No viés do STS, o protótipo é uma tecnologia exploratória recursiva, um lugar de encontro entre o imaterial e o material, onde as pessoas criam-se a si mesmas, produzindo seus próprios conhecimentos. Nesse entendimento, parece possível vinculá-la à educação. Assim, o objetivo desta pesquisa é identificar o potencial da prototipagem no viés do STS na aprendizagem das crianças. Para abordá-lo, foi proposto projetar uma prática de prototipagem no viés do STS; focada para ser experimentada por 8 crianças, entre 5 e 9 anos. A estratégia metodológica foi através da pesquisa-ação dividida em 3 ciclos, com colaboração permanente de especialistas para apoiar a projetação e monitoramento das dinâmicas. As crianças experimentaram a prática e, baseando-se em suas experiências, buscou-se modificar e aprimorar a dinâmica. Os resultados levados a um nível de abstração são interpretados e discutidos. Dessa maneira, defende-se que: (i) foram evidenciados na dinâmica 7 conceitos no viés do STS sobre prototipagem; (ii) a brincadeira é uma atividade inerente à prototipagem proposta; (iii) deve-se realizar adaptações técnicas para que a prática seja incluída na escola; (iv) foram desenvolvidas 11 habilidades peculiares; (v) apesar da aparente semelhança, a metodologia ativa e a prática proposta são diferentes; (vi) o design estratégico foi orientador da projetação da prática; e, (vii) existiu um ambiente especulativo para a criação de cenários e protótipos.