Resumen:
Essa tese analisa as práticas de atenção à saúde, mulheres indígenas, no período gravídico-puerperal na Aldeia Kondá/SC, analisando através do itinerário de cuidado como as Políticas Públicas, como a Política de Atenção às Populações Indígenas PNSAI (2002), e a Estratégia Rede Cegonha (ERC), dialogam/tencionam para estabelecer uma assistência diferenciada às gestantes indígenas, considerando a pluralidade e a interculturalidade na atenção à saúde. Os sistemas de cuidado nas comunidades indígenas são diferenciados e singulares, o cuidado interliga ambiente, rede social e seres espirituais nas práticas do cuidado. Os diversos sistemas de cuidado foram denominados por Menendez (2003), como modelos de atenção à saúde, articulando a pluralidade e interculturalidade. Tratou-se de uma pesquisa qualitativa de abordagem etnográfica. As técnicas utilizadas para a produção de dados foram: observação participante com registro no diário de campo, entrevistas individuais e grupais abertas, realizadas com mulheres indígenas no período gravídico-puerperal, mulheres da comunidade e parteira, utilizando-se de um roteiro-guia. O estudo compreendeu o período de junho a dezembro de 2018. A análise ocorreu durante as transcrições, leitura e organização das entrevistas e das notas de campo, sendo construídos eixos de discussão que articularam os dados produzidos e a literatura da área. Nesta perspectiva percebeu-se que as práticas assistenciais da PNSAI são majoritariamente guiadas pelo modelo biomédico, sendo estas verticalizadas, protocolares e produtoras de invisibilidade da diversidade das práticas de atenção à saúde, protagonizadas pelas mulheres indígenas. Destaca-se a existência de práticas kaingang de atenção às gestantes que expressam uma rede ampla de saberes vinculada à construção da pessoa kaingang. Diante desses cenários, é imprescindível ampliar os estudos sobre essa temática e encontrar estratégicas dialógicas, buscando articular as diversas formas de atenção em saúde, presentes na comunidade indígena Kondá.