Resumen:
O presente trabalho tem por objetivo investigar o pensamento estético do filósofo alemão Friedrich Nietzsche (1844-1900) desde os escritos de juventude até a formulação da fisiologia da estética, que emerge do contexto tardio das críticas à música de Richard Wagner (1813-1883), a fim de descobrir se é possível considerar o pensamento estético nietzschiano pertinente a esse período já como certa “fisiologia da estética”. Com a finalidade de atender a este objetivo geral, tratou-se especificamente e de maneira preliminar, primeiro: a concepção estética do jovem Nietzsche; em seguida, os tensionamentos aos quais seu pensamento estético inicial é submetido durante o período intermediário; e, por fim, o modo como esse confrontamento viabilizou a configuração final de uma “estética como fisiologia aplicada”. Sendo assim, inquiriram-se os principais escritos relativos às duas primeiras fases de Nietzsche até a entrada da fase derradeira, quando então a “fisiologia da estética” é, por fim, formulada como objeção maior à arte wagneriana. À guisa de conclusão, pode-se afirmar que a reflexão estética nietzschiana está inteiramente permeada pela noção de fisiologia – como reflexão axiológica acerca da arte –; pois, ao pensar sobre a arte, o que o filósofo tem em vista é trazer à luz o valor essencial da arte, isto é, da arte enquanto possibilidade de vida, de afirmação e de dignificação da existência; de modo que a fisiologia da estética, como método hermenêutico de investigação – da arte em seus efeitos sobre o corpo e a psique –, está presente no exercício filosófico de Nietzsche antes mesmo de assumir aquela configuração formalizada.