Resumen:
Com a revogação da lei nº 11.161/2005, surge uma preocupação com o futuro do ensino da língua espanhola, especialmente no estado do Rio Grande do Sul, devido ao fato da proximidade, das relações com países hispanofalantes e de o espanhol ser uma língua de função social internacional (LAGARES, 2018), utilizada em diversos contextos. Assim sendo, este estudo teve início a partir dos seguintes questionamentos: Após a revogação da lei nº 11.161/2005, quais as perspectivas para o futuro do ensino da língua espanhola no RS? As políticas linguísticas, propostas no Setor Educacional do MERCOSUL, na LDB, na BNCC e o que está na Constituição Estadual do RS (a PEC nº 270/2018), serão suficientes para garantir a continuidade do ensino dessa língua? Para responder a essas perguntas, foi estabelecido o objetivo geral de analisar, partindo da visão de agentes / atrizes envolvidas no cenário da pesquisa (professoras universitárias de língua espanhola) e do ensino de espanhol (professoras de LE e coordenadoras pedagógicas), quais as suas perspectivas para o futuro do ensino da língua espanhola no estado do Rio Grande do Sul, uma vez que já não existe a obrigatoriedade do seu ensino, imposta por uma lei. Também foram estabelecidos os objetivos específicos: I) Identificar o posicionamento de agentes / atrizes sociais envolvidas no ensino de espanhol, como professoras, especialistas e pesquisadoras da área; II) Comparar o posicionamento e ideias dessas agentes / atrizes sociais em relação ao que há de política linguística no Setor Educacional do MERCOSUL e nas nossas leis. A metodologia empregada nesta pesquisa é qualitativa, com base em Creswell (2010) e a estratégia metodológica utilizada, para a geração de dados, foram entrevistas semiestruturadas e semiabertas. Essas entrevistas foram realizadas com duas gestoras de escola: uma da rede pública municipal, a qual não oferece a LE no currículo; e a outra gestora pertence à rede privada, já teve contato com o espanhol, e a escola oferece o idioma na grade curricular. Também colaborou com esta pesquisa, uma professora de matemática, a qual encontrou dificuldades com seus alunos, no desenvolvimento dos seus trabalhos de pesquisa, devido à não existência da língua espanhola no currículo de sua escola. Além dessas participantes, contamos com a participação de duas professoras universitárias de LE, também pesquisadoras, e outras duas professoras de espanhol. Os resultados apontam que o ensino da língua espanhola é promissor, pois embora não exista mais uma lei que a torne obrigatória nas escolas, a procura para aprendê-la não diminuiu, e as escolas particulares e centros de idiomas continuam oferecendo-a. Entretanto, foi possível constatar que as escolas da rede pública estadual foram prejudicadas com a ausência da língua espanhola no currículo. Contudo, devido às ações de professores e estudantes universitários, tanto da rede pública como da privada, foi criada uma PEC, a qual já consta na Constituição Estadual do Rio Grande do Sul, e que declara o espanhol como disciplina obrigatória nos currículos das escolas de ensino fundamental e médio do Rio Grande do Sul, sendo a matrícula optativa para o aluno. Ao final, foi possível constatar que essa movimentação, uma política linguística in vivo (SPOLSKY, 2012; 2016), está sendo fundamental para que todos tenham oportunidade de aprender a língua espanhola, a qual é sumamente importante para o futuro educacional, profissional, social e cultural dos alunos.