Resumen:
Esta pesquisa apresenta e problematiza trajetórias formativas de estudantes universitários de uma comunidade quilombola localizada na região do Bico do Papagaio, no norte do Estado do Tocantins. Analisa, a partir de relatos de memórias, as trajetórias formativas dos estudantes universitários da comunidade quilombola Ilha de São Vicente. Neste sentido, objetivou investigar o contexto educacional de escolarização de jovens remanescentes dessa comunidade, quanto ao acesso e à permanência no ensino superior. O percurso metodológico organizou-se a partir de três etapas investigativas, a saber: (a) revisão bibliográfica sobre a temática; (b) pesquisa de campo com observação do contexto e das relações sociais estabelecidas na comunidade, sob a inspiração de uma pesquisa etnográfica; (c) entrevistas e análise das narrativas de seis estudantes e duas lideranças quilombolas, a partir das quais foi possível compreender as vivências e as experiências de seus percursos escolares, bem como seu acesso e permanência no ensino superior. Os resultados revelam que ingressar no curso superior constitui significativa conquista para a comunidade quilombola. Na situação da Ilha de São Vicente, as políticas educacionais dirigidas à população quilombola, principalmente aquelas de cunho afirmativo, foram de suma importância para garantir o acesso e a permanência de seus estudantes na universidade. Contudo, os depoimentos revelam que os desafios presentes no ambiente acadêmico ainda são muitos, dentre eles: o preconceito e o racismo ainda existente; o difícil acesso ao capital informacional; e a falta de atividades e iniciativas pedagógicas que abordem a realidade quilombola. Embora regulamentada em lei, a educação quilombola apresenta fragilidade em se concretizar e ainda é um grande desafio para a consolidação do direito à educação no Brasil.