Resumo:
O presente trabalho objetiva analisar e problematizar como a pesquisa opera na formação continuada do professor que atua em contexto de inclusão escolar. Para tanto, de forma qualitativa, analisou-se duas teses e 13 dissertações produzidas em nove Programas de Pós-Graduação de Universidades das regiões norte e nordeste do Brasil. Nos materiais, escritos em primeira pessoa do singular e/ou do plural, a existência de narrativas de experiências pessoais com a inclusão de alunos com deficiência na escola, vividas pelos pesquisadores na condição de docentes, permitiu perceber que a exigência de sistematização metodológica da pesquisa possibilita a autoformação continuada do professor. Nas análises, destaca-se que a formação continuada do professor que faz pesquisa é realizada ao mobilizar tanto a tomada de consciência reflexiva da própria ação como docente, na prática pedagógica com alunos com deficiência, quanto a promover o estranhamento da realidade, provocado pelo desafio de buscar outras formas de compreensão e leitura dos acontecimentos escolares. Concluiu-se, baseado em teorizações críticas sobre a inclusão, bem como sobre a formação de professores, que a posição de pesquisador pode desafiar e mobilizar o sujeito, na posição de professor, a desnaturalizar verdades, a rever suas práticas e a questionar a si mesmo, mobilizando-se a propor práticas pedagógicas inclusivas. A pesquisa desenvolvida contribuiu para reforçar a necessidade de tornar a escola um ambiente de formação continuada docente, mobilizado por ações semelhantes àquelas utilizadas por pesquisadores. Ações que possibilitam estranhar, sistematizar, analisar e problematizar respostas extraídas de seus dados de pesquisa. Contribuiu, também, com as investigações desenvolvidas no Grupo de Estudo e Pesquisa em Inclusão (GEPI/UNISINOS), por meio de subsídios para o desenvolvimento de metodologias que podem atuar no que se denomina de circuito formativo pedagógico.