Resumen:
Neste trabalho, proponho um estudo textual-discursivo relacionado ao álcool em textos midiáticos online no Brasil. Minha análise contempla textos coletados da versão online da revista Superinteressante e da página Papo de Homem, no intuito de discutir como as representações discursivas da substância são construídas e reconstruídas e quais as implicações dessas (re)construções em seu entendimento. Primeiramente, analiso os objetos de discurso realizados por formas nominais anafóricas, conforme a proposta de Cavalcante (2003), que unifica a extensa nomenclatura existente sobre o tema. Em um segundo momento, partindo de Adam (2011), problematizo a orientação argumentativa das proposições-enunciado que compreendem tais objetos, tendo em mente que estas não apenas descrevem, mas, sobretudo, apontam para as interpretações pretendidas pelos produtores dos textos, a partir de seus respectivos projetos de fala, bem como as marcas de responsabilidade enunciativa que fundamentam esses objetos de discurso. O caráter discursivo de minha investigação ampara-se pela noção de contrato de comunicação, proposta por Charaudeau (2005, 2009, 2010), a partir da qual situo as marcas linguísticas de meu corpus. O contrato pode ser considerado um marco regulatório que compreende as condições de produção e interpretação de textos. Essas condições abarcam tanto elementos identitários dos produtores e leitores de um texto, as finalidades a que os textos se propõem, quanto as escolhas linguísticas de que se valem os produtores para a composição textual, dentre outros aspectos. Minha tese é a de que, nos veículos mencionados, é possível encontrar representações discursivas variadas, até mesmo contraditórias, relacionadas ao álcool. Essas diferenças podem ser explicadas (i) a partir do contrato midiático a que estão submetidas e (ii) a partir dos contratos específicos que regem cada um dos veículos. Esta proposta situa-se no âmbito da Linguística Aplicada, área que discute problemas mundanos que envolvem o uso da linguagem (MOITA LOPES, 2006). Nesse sentido, entender o álcool como algo salutar ou como um problema social é algo que perpassa a linguagem e implica representações discursivas construídas no seio social, interativamente.