Abstract:
Na educação do século XXI, um dos desafios da escola é desenvolver um trabalho em rede, ocupando novos espaços de interação e de comunicação na sociedade digital. desenvolvendo práticas docentes que promovam os novos letramentos no contexto escolar. Esta pesquisa, pautada numa concepção de linguagem como interação, busca compreender quais interconexões um projeto em rede pode provocar e a que mudanças elas levam no contexto escolar. Nossos dados são gerados a partir do desenvolvimento de uma campanha publicitária em que participam da pesquisa alunos do nono ano de uma escola de ensino fundamental da rede pública, localizada em São Leopoldo, RS. O trabalho com gêneros discursivos que circulam na cultura digital, no projeto, possibilitou-nos refletir sobre os princípios dos novos letramentos e os multiletramentos, discutindo-os e considerando os conceitos que subjazem à cultura participativa, bem como o de formação de uma rede (de interações e de aprendizagens) que se conecta por meio de gêneros à comunidade escolar, valorizando os processos comunicativos no contexto escolar. A base teórica encontra-se nos estudos de Letramento (STREET, 2010, 2012; WENGER, 2001; BARTON; LEE, 2015; KLEIMAN, 2008/2012), nos Multiletramentos (GNL, 1996; COPE; KALANTZIS, 2015; ROJO, 2012, 2013, 2015), na Cultura Participativa (JENKINS, 2009), no conceito de rede (DI FELICE, 2012; CASTELLS,2009, KLEIMAN, 2007) e na proposta metodológica de Projeto Didático de Gênero (KERSCH; GUIMARÃES, 2011; GUIMARÃES; KERSCH, 2012, 2015). A pesquisa é de natureza qualitativo-interpretativista e tem como suporte teórico-metodológico para a geração de dados a pesquisa-ação. Os resultados da pesquisa permitem refletir sobre o ensino da língua materna na perspectiva dos Multiletramentos e compreendermos os gêneros como catalisadores da rede e como eixo centralizador na prática docente. A produção da campanha fortaleceu a identidade dos alunos no espaço escolar promovendo uma rede, com novos espaços de aprendizagens dentro e fora da escola para que os alunos se identificassem, se fortalecessem e valorizassem a própria escola, fazendo uso de diversas linguagens, culturas e tecnologias para desenvolver sua cidadania e empoderamento juvenil. Concluímos que, nesse processo de aprendizagem, os próprios alunos conseguiram se perceber como designers sociais ativos e ressignificaram suas próprias aprendizagens, relações interpessoais e, consequentemente, suas identidades dentro e fora do espaço escolar. Compreendemos que a arquitetura do Projeto em rede possa contribuir com novas reflexões a partir do projeto, provocando a construção de um novo ethos na formação do aluno e da cultura escolar, ampliando o olhar docente para uma prática didática que dialogue com os novos letramentos da Educação do século XXI.