Resumo:
Esta tese tem como objetivo ser um exercício de visão comunicacional acerca da constituição da efemeridade enquanto qualidade tecnocultural. A partir de um desenho investigativo composto pelo Método Intuitivo Bergsoniano, pela Arqueologia da Mídia pelas Constelações Benjaminianas, dividimos nossa ação em duas partes centrais: a viravolta e a reviravolta. Na primeira, desempenhamos um olhar arqueológico sobre o objeto, entendendo-o enquanto devir, e buscando em outros contextos temporais, pontos relativos a acontecimentos, dispositivos e experiências, com vistas à construção de uma camada ampliada do corpus, chamada por nós de morfogênese do presente. Avançando para o que chamamos de camada focalizada do corpus, referente ao contexto contemporâneo, foi possível desempenhar o procedimento da escavação sob três aplicativos em especial, Instagram, Facebook e Snapchat, em busca de formações condensadas do objeto. Após um sobrevoo abrangente sobre todos estes aspectos constitutivos do objeto, criamos quatro constelações distintas, Olhar do Outro, Marcas do Tempo, Disfarces do Presente e Paradoxos, nas quais foi possível mostrar as principais vias de edificação das imagens efêmeras, bem como apontar os construtos que a constituem. Ao final, constatamos que a imagem efêmera se manifesta por meio de imagens-fluxo e imagens-espectação, duas propostas conceituais entregues com a tese e que reverberam a nossa visão ampliada sobre a imagem que a entende enquanto virtualidade capaz de se atualizar de variadas formas e em múltiplas plataformas. As audiovisualidades nos deram base alargar o nosso espectro de observação, revelando-nos aspectos do objeto incrustrados tanto nas superfícies lidas tradicionalmente como imagéticas (fotografia e vídeo) quanto nas experiências de ação nos aplicativos (fluxos de uso). Por fim, na etapa da reviravolta, voltamos ao virtual que nos impulsionou no início da pesquisa, para repensá-lo a partir das condições da experiência tidas com os objetos e chegamos ao conceito de imagicidade efêmera digital, uma qualidade complexa que congrega essencialmente os modos de usos e estéticas identificadas por nós enquanto precípuas da efemeridade.