Abstract:
O presente artigo trata sobre as possibilidades de cruzamento entre a prática com diversas linguagens e materialidades e o conteúdo obrigatório estabelecido no ambiente escolar, através de experiências proporcionadas pelo Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência em Artes Visuais, em 2016, com alunos do Colégio Estadual Professora Maria José Balzanelo Aguilera, situado na região sul de Londrina/PR. Nesta vivência, foram realizadas duas propostas envolvendo a temática da cultura indígena. A primeira consistiu na análise de fotos e ilustrações a respeito da visibilidade indígena no Brasil atual, sua realidade e condição, aliado à exposição de obras do mexicano Pablo Delgado, que utiliza a arte urbana como crítica social da invisibilidade de indivíduos marginalizados. Assim, seguiu-se a proposta de utilizar o lambe-lambe como forma de expressão urbana nos espaços internos do colégio tratando a questão indígena. A segunda consistiu na confecção de um mural coletivo da turma, tendo painéis como os de Juan Miró como referência, sendo realizado utilizando placas de argila, onde os alunos desenharam elementos do seu cotidiano e também grafismos indígenas. Após o desenho nas placas de argila, os alunos visitaram uma casa de cerâmica onde observaram todo o processo de queima da argila e a rotina artística do local. Após a queima, o painel foi montado no interior do colégio. O objetivo desse artigo é demonstrar como o ambiente escolar pode ser espaço de experimentação de materialidades e linguagens artísticas, tendo como base o conteúdo já estabelecido, lidando com as instâncias reais de um ambiente escolar da rede pública.