Resumo:
A crescente demanda por sistemas mais sustentáveis colabora para estudos que envolvem o gerenciamento de resíduos. A legislação exige das indústrias responsabilidade diante dos resíduos gerados. No Brasil, um resíduo gerado em grandes volumes e que preocupa em relação ao seu destino final, é o lodo de tratamento de efluentes frigoríficos (LF). Este resíduo é gerado durante o processo de tratamento de efluentes utilizado na maioria dos frigoríficos do país. Por isso, sugere-se identificar suas características para prever possibilidades de transformação do resíduo em matéria-prima em outros processos. Um setor que se destaca na possibilidade de absorção de resíduos, é o da construção civil, visto toda sua dependência de recursos naturais e uso diverso em toda sua cadeia. A literatura aponta tendências de valorização do resíduo na fabricação de agregados leves como a argila expandida. Nesse sentido, esta pesquisa teve como objetivo principal avaliar a fabricação de argila expandida com adição de LF. Para isso, foram coletados LF de uma indústria e argila natural de duas jazidas da mesma região. Em seguida as matérias primas foram caracterizadas em termosfísicos, químicos, mineralógicos e térmicos. Por fim foram realizados testes de sinterização com incorporação de 0%, 5% e 10% em massa de LF em matriz argilosa. O tratamento térmico foi realizado nas temperaturas de 1100oC, 1150oC e 1200oC. Dentre os resultados, verificou-se que as argilas possuem compostos majoritários de SiO2, Al2O3 e Fe2O3, enquanto o LF apresentou 94,79% de matéria orgânica. As argilas apresentaram fases cristalinas de quartzo e de montmorilonita em comum, enquanto aargila 1 apresentou ainda o óxido de cálcio e manganês hidratado e a argila 2 apresentou o silicato de alumínio e potássio. Foi constatado potencial de produção de argila expandida em uma das argilas da região, em quehouve expansão de 29,10% em volume, na temperatura de 1200oC. Já com a adição de LF na argila, ocorreu expansão de 6,42% no teor de 5% de LF na mesma temperatura. Através do DRX foi constatado a presença das fases mineralógicas de quartzo, hematita, silimanita e muscovita nos materiais obtidos. Para os corpos de prova que sofreram expansão piroplástica, os testes de absorção foram de 7,83% para a argila de referência e 6,62% para a argila com 5% de LF. A massa específica aparente da argila expandida foi de 1,22g/cm3 e 1,39g/cm3, respectivamente. A análise de morfologia apontou camada externa vitrificada e camada interna porosa, características típicas da argila expandida. Em uma visão geral dos resultados, nas condições realizadas nesta pesquisa, o LF não se mostrou eficiente no processo de produção de agregados leves, pois a sua adição provocou a inibição da expansão da argila.