Resumen:
Quais são as condições necessárias e suficientes para responsabilizar moralmente o comportamento do agente? Várias respostas a essa pergunta têm sido dadas na história recente da filosofia. De um lado, diversos filósofos acreditam que o critério especificando essas condições poderia ser compatível com a tese determinista. Por outro lado, há aqueles que negam que esse critério possa conciliar-se com a visão de um mundo determinista. Tradicionalmente, a liberdade enquanto uma capacidade para agir de outro modo é defendida como uma condição necessária para a responsabilidade moral. Com o seu artigo de 1969, “Alternate Possibilities and Moral Responsibility”, Harry Frankfurt mudou o curso do debate sobre o problema da vontade livre. Ele forneceu exemplos hipotéticos, por meio de experimentos de pensamento, de agentes que, conforme ele argumentou, embora não pudessem ter agido de outro modo, ainda assim seriam moralmente responsáveis pelas suas ações. O artigo de Frankfurt entusiasmou muitos filósofos, destacadamente John Fischer, a repensar o problema da responsabilidade moral. Para Fischer, Frankfurt teria mostrado que o debate não diz mais respeito ao problema de demonstrar a compatibilidade entre liberdade e determinismo, mas, sim, à questão da compatibilidade da responsabilidade moral com o determinismo. Para lidar com essa questão, e qualificar a posição de Frankfurt, Fischer desenvolve o que ele denomina de uma posição semicompatibilista. Essa posição responderia às objeções incompatibilistas, assim mostrando a compatibilidade da responsabilidade moral com o determinismo. Esse trabalho é dedicado a um estudo dessa posição. A tese defendida é a de que o semicompatibilismo proposto por Fischer de fato responde às principais objeções dos incompatibilistas, e é mais vantajosa se comparada à posição compatibilista tradicional, que defende que a capacidade para agir de outro modo seria uma condição necessária para a responsabilidade moral.