Resumen:
O presente trabalho introduz o conceito e o framework do Impacto Coletivo (IC), uma abordagem estratégica de colaboração intersetorial formulada por Kania e Kramer (2011) que tem se ocupado em dar uma resposta às ações de impacto isolado e de curto prazo voltadas a solucionar questões sociais complexas. Caracterizado pelo compromisso de longo prazo assumido por um grupo de atores de diferentes setores em torno de uma agenda comum para resolver um problema social específico, o IC tem sido amplamente adotado em diversas iniciativas ao redor do mundo. Desde então, avanços e críticas tem sido feitos por diversos autores sobre essa proposta, dentre elas a necessidade de refinar o modelo, considerando aspectos cruciais como o engajamento autêntico da comunidade. Por esta razão, a presente pesquisa teve por objetivo analisar que contribuições a experiência de movimentos colaborativos comunitários pode trazer para aprimorar a proposta do impacto coletivo. No intuito de endereçar a questão-problema, foi realizada uma pesquisa qualitativa de abordagem interpretativista e por meio do método de estudo etnográfico, na Zona de Inovação Sustentável, na cidade de Porto Alegre, no sul do Brasil – também conhecida como ZISPOA. Durante e após a coleta de dados, efetuada por meio de observação participante, análise documental e entrevistas semi-estruturadas, foi feita a análise dos dados, que ocupou-se em responder aos objetivos específicos, descrevendo a cultura e o modus operandi deste movimento comunitário independente, bem como procurando compreender e analisar a percepção dos membros que dele fazem parte sobre o contexto em que estão inseridos e os objetivos que almejam alcançar, a partir de seus próprios pontos de vista. As principais contribuições que emergiram do campo empírico em relação às características deste movimento comunitário foram: a) a força de vencer a inércia e tomar a iniciativa para gerar mudança; b) a capacidade de atrair a atenção de grupos importantes de atores de diferentes setores da sociedade; c) ter recursos financeiros adequados não é necessariamente uma pré-condição vital para dar início a uma proposta de IC, mas sim para dar sustentação à mesma no longo prazo; d) a importância de promover a diversidade nos perfis de liderança do grupo; e) a preocupação em fortalecer os relacionamentos interpessoais para garantir a coesão entre os participantes; f) a capacidade de criar regras de interação efetivas que conduzem ao aprendizado adaptativo; e g) a capacidade de provocar a mudança de consciência. Por fim, sob o ponto de vista gerencial, os resultados extraídos da análise das evidências permitiram a elaboração de um conjunto de recomendações que podem ser aplicadas por diversos tipos de atores sociais no sentido de aprimorar a eficácia das suas iniciativas de impacto coletivo.