Abstract:
Nesta investigação, analisamos experiências de interação entre Governo Federal Brasileiro e cidadão, visando a descrever ações comunicacionais empreendidas entre 2011 e 2016. O contexto se refere aos primeiros anos da década de 2010, profundamente marcados pela consolidação do uso da Internet no Brasil, principalmente pelo acesso disseminado às redes sociais digitais como ferramentas de conexão entre pessoas. Durante esse período, pela primeira vez no país uma mulher é eleita para a Presidência da República: Dilma Rousseff, que permanece no cargo de 2011 a 2016, tendo saído após sofrer um processo de destituição. O objetivo é o de analisar como foram programadas e realizadas as experiências tentativas de interação entre Governo Federal e Cidadão nesse período, o que é sintetizado como problema da pesquisa em: “Como se dá a interação entre Governo e Cidadão a partir das ações comunicacionais em uma sociedade em vias de midiatização?”. A tese se estrutura em torno das seguintes fases: inicialmente, explanamos sobre os contextos e os cenários sociopolíticos, com destaque para as tensões na democracia representativa e no presidencialismo, bem como para as mobilizações de rua e os grupos de militância virtual. Em seguida, discutimos o objeto, em termos teóricos, tendo a midiatização da política como eixo, com destaque para a realidade dos usos e das apropriações das tecnologias da internet e das redes sociais, bem como para o conceito de circulação como marca desta processualidade de atividades, de meios e de operações comunicacionais. Essas atividades foram implementadas pelos atores em situações diversas e direcionaram a pesquisa a um aporte metodológico de estudo de ‘casos múltiplos’, devido a esse caráter variado de elementos. Os materiais examinados envolvem discursos, pronunciamentos, documentos, guias, marcas de atuação nas redes sociais e websites, e estão distribuídos em três circuitos de processamento de ações comunicacionais. Buscamos, ainda, tensionar os objetos a partir dos ângulos de pesquisa de diversas ordens e que envolvem reflexões analíticas como: opções da política de participação em situação de crise; o papel da imagem do governo na interação; o contexto de redes sociais e governança; e os polos de contato entre Governo e Sociedade, entre outras, com destaque para a avaliação da execução de três experiências de plataformas web participativas criadas na gestão: Participatório, Participa.br e Dialoga Brasil. Por fim, discutimos, em termos avaliativos, sobre a natureza dos modos de interação, sobre a execução e as falhas das políticas e sobre as perspectivas de atuação diante da sociedade cada vez mais afetada pelas lógicas de midiatização. Em termos de conclusões, apontamos que o Governo promoveu experiências de interação a partir da consideração da era digital, mas que isso não foi uma política estratégica, apenas tentativa. E o rompimento dos processos, diante dos fatores conjunturais, contribuiu para essa limitação.