Resumen:
A implantação de monoculturas de eucalipto é muito criticada e tratada como responsável pela degradação do solo e por importantes mudanças biológicas. No Rio Grande do Sul a conservação dos campos se limita basicamente às Áreas de Preservação Permanente – APP, que prevêem a preservação de uma faixa de 30 m de vegetação ciliar a partir dos cursos d’água e também de áreas de reserva legal. Este estudo investiga as possíveis mudanças na diversidade, composição e abundância de espécies vegetais campestres em função da proximidade com plantações de eucalipto. O estudo foi realizado na fazenda Formosa, situada no município de São Gabriel, RS. Foram escolhidas três áreas com interface entre monocultura de eucalipto e campo e três áreas de campo sem plantio de eucalipto (controle). Um total de 120 parcelas fixas de 1 m x 1 m foi aleatorizado em transecções lineares a 5 e 30 m a partir da borda do eucalipto e do limite da APP nas áreas controle. Com auxílio de um quadro gradeado de 10 em 10 cm foi feito o levantamento da cobertura-abundância de todas as espécies vasculares presentes, além do levantamento de fatores de ambiente. No inventário foram encontradas 145 espécies vegetais campestres. A riqueza e diversidade de espécies apresentaram o mesmo padrão para as áreas com eucalipto, sendo que na monocultura a riqueza foi maior na borda e menor no interior em relação à APP adjacente, que apresentou riqueza intermediária e não diferiu entre si nas distâncias a partir da borda. Esse gradiente não é observado para áreas sem eucalipto. Em conjunto estes resultados sugerem um efeito da monocultura sobre a diversidade de espécies adjacente. A composição e abundância-cobertura de espécies variaram significativamente entre os ambientes avaliados. Fatores de ambiente como umidade relativa, compactação do solo e inclinação do terreno foram importantes na determinação da composição e abundância-cobertura de espécies nas APPs. Os resultados deste trabalho demonstram que apenas a manutenção de APPs com áreas de vegetação campestre não garante a manutenção da integridade biológica dos campos.