Resumen:
Nesta pesquisa os sujeitos são adolescentes do sexo masculino, estão com idades entre quinze a dezenove anos e são considerados “em conflito com a lei”, uma vez que praticaram atos que infringiam as leis de convivência estabelecidas nesse país.Visou-se compreender quais as perspectivas de se educar adolescentes para a prática de liberdade em um sistema de privação. A metodologia inspira-se na pesquisa participante e sistematização de experiências, por onde percebemos o entrelaçamento entre a temática trabalhada – em perspectiva freiriana e as falas dos adolescentes decupadas das filmagens – com os valores da justiça restaurativa. Alguns relatos dos adolescentes tornaram-se indispensáveis ao texto por partir do contexto da experiência vivida por cada um na privação de liberdade. As experiências no contexto de privação de liberdade vividas por Frei Betto e especialmente Paulo Freire inspiraram a escrita desta dissertação. A partir da pesquisa, voltou-se à teorização das práticas socioeducativas voltadas à adolescentes em situação de privação de liberdade. Essa se baseia na construção do que seja socioeducação em um diálogo com as principais questões levantadas no decorrer da pesquisa: a educação libertadora, Socioeducação e a Justiça Restaurativa. Ainda, apresenta-se alguns (des)encontros entre a Justiça Restaurativa e a educação, vistas suas contribuições para a prática de liberdade em perspectiva freiriana junto a adolescentes, com base em quatro valores restaurativos: responsabilização,diálogo (interconexão), participação e esperança. Por meio dessa experiência foi possível percebermos que o espaço institucional pode ser um espaço possível para reflexões e produção de caminhos libertadores, porém os espaços oportunizados de escuta e diálogo entre os adolescentes e destes com os profissionais ainda se limita ao processo infracional de cada um, fortalecendo o caráter punitivo ao invés do educativo. Neste contexto, de acordo com o estudo realizado, efetivar a socioeducação enquanto uma nova pedagogia, com suas especificidades, no campo das medidas socioeducativas de privação de liberdade, constitui-se ainda uma prática em construção necessária de ser (re)pensada, frente às expressões da questão social em tempo contemporâneo, bem como, em meio a realidade institucional que ainda se apresenta enquanto pagamento de dívida ou castigo para os adolescentes.