Abstract:
Como devemos conduzir nossas investigações morais para descobrir no que acreditar sobre questões morais? Como a plausibilidade de juízos, teorias e princípios morais deve ser avaliada? Como devemos tentar remover nossas dúvidas quando estamos incertos sobre o que é certo ou errado, bom ou mau, justo ou injusto? Este trabalho é um estudo do método do equilíbrio reflexivo, um método que fornece um modelo para a investigação moral que permitiria responder adequadamente questões como essas. Desde que esse método se tornou popular em filosofia moral após ter sido empregado e defendido por John Rawls em A Theory of Justice (1971), tem sido costumeiro interpretá-lo como um modelo coerentista para a investigação e justificação moral. De acordo com essa interpretação, a investigação moral adequada é em um processo no qual o indivíduo busca a maximização da coerência e a minimização da incoerência entre seus os juízos morais, os seus princípios morais e as suas crenças não morais relevantes, e cujo valor estaria em sua capacidade de garantir para a pessoa que o segue a aceitação de crenças morais que seriam epistemicamente justificadas por essas relações de coerência. Este estudo procura se contrapor a essa interpretação oferecendo em seu lugar um modelo intuicionista para o equilíbrio reflexivo. De acordo com esse modelo, a investigação moral adequada é um processo em que uma pessoa procura descobrir o que é congruente com suas intuições morais, ou o que é plausível à luz daquelas proposições morais que lhe parecem ser intuitivamente verdadeiras, e o valor desse processo estaria na sua capacidade de colocar uma pessoa em posição de aceitar proposições morais com base nas razões que ela tem para sustentá-las, o que é uma parte necessária da crença moral epistemicamente justificada. O estudo defende o equilíbrio reflexivo mostrando como ele, quando interpretado segundo uma abordagem intuicionista, pode ser visto em uso nas investigações morais de filósofos competentes, como John Rawls, Philippa Foot, Judith Jarvis Thomson, Peter Singer e outros. A tese defendida é que uma abordagem intuicionista, e apenas ela, responde satisfatoriamente às principais objeções dirigidas ao método por seus críticos.