Resumen:
O advento do iluminismo durante o século XVIII, na Europa, abalou as bases da moralidade, até então sustentadas pelas filosofias de herança clássica e medieval. Alasdair MacIntyre, em 1981, com a publicação da obra After Virtue, empreendeu um projeto filosófico pautado na reabilitação de uma forma de pesquisa racional na qual estariam implícitas as práticas que constituiam as narrativas e tradições morais, fundamentadas e atualizadas a partir do conceito seminal de virtudes, de base Aristotélico-Tomásica. MacIntyre, ao interligar os conceitos - vulnerabilidade, dependência e autonomia racional - estabelece a percepção das virtudes como um traço comunitário e cooperativo, sem reduzi-las à qualidade de caráter individual, social ou traços meramente emocionais. O presente trabalho tem por objeto aferir a plausibilidade da ética das virtudes, recontextualizadas por MacIntyre, como um paradigma de referência para a política contemporânea. Procuramos arguir sobre a viabilidade do modelo ético das virtudes e as implicações desta para a sociedade atual, caracterizada como pluralista e multicultural. Argumentamos em favor de uma ética que possa ser uma alternativa efetiva na superação do individualismo hedonista/consumista contemporâneo, buscando uma possível política das virtudes segundo a concepção de MacIntyre. Uma nova política, que possa ser uma alternativa à visão dicotômica e obliterada de uma vida decantada em projetos empenhados unicamente para a obtenção de lucro, em detrimento ao bem-estar da coletividade, em sintonia com a natureza e demais seres vivos. Para tal intento, apresentamos as bases principais da ética das virtudes pensada e atualizadas por MacIntyre, sua plausibilidade, bem como as principais objeções e questionamentos dos adversários e críticos desse modelo ético.