Resumen:
Um número crescente de pequenas e médias empresas tem buscado o aumento do poder de barganha e o acesso a recursos estratégicos através da participação em redes de cooperação. A governança destas redes é geralmente exercida por meio de uma diretoria constituída e na forma de uma Organização Administrativa de Rede (OAR). Existem algumas tensões ou lógicas contraditórias inerentes ao modelo de negócio, como a tensão entre a eficiência e a necessidade de inclusão de seus membros no processo decisório (PROVAN; KENIS, 2008). O objetivo deste estudo é analisar como os fatores contingenciais críticos – confiança, número de integrantes, consenso de objetivos e necessidade de competências em nível de rede – influenciam na tensão entre eficiência e inclusão e quais os mecanismos utilizados para minimizá-la. Foi realizado um estudo de casos múltiplos de natureza descritiva e qualitativa, com dirigentes de três redes de cooperação do varejo de material de construção que atuam nos estados de São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul. A pesquisa apontou a existência de relação entre os fatores contingenciais críticos descritos por Provan e Kenis (2008) e a tensão entre eficiência e inclusão. Estes fatores influenciam na orientação da governança de uma rede para a eficiência ou para a inclusão, de acordo com o nível apresentado. Na busca pelo equilíbrio entre eficiência e inclusão, as redes utilizam principalmente os mecanismos de integração e ligação entre funções e unidades, e os sistemas de controle e coordenação social. Como contribuições teóricas o estudo evidenciou a existência de relação entre os fatores contingenciais críticos e a tensão entre eficiência e inclusão, apontou a existência de dois outros fatores contingenciais adicionais relacionados à tensão – a confiança na gestão da rede e a dispersão geográfica dos seus integrantes – e constatou que a governança pelo modo de Organização Administrativa da Rede não garante a eficiência do processo decisório. Como contribuições gerenciais foram relacionadas três recomendações aos dirigentes de rede: conceder maior autonomia para os gestores executivos das redes e suas equipes internas; promover a “clusterização” das lojas associadas; e valorizar os momentos de contato com os associados.