Resumen:
Estudar o silêncio implica considerar o que está além das palavras obviamente enunciadas e trazer à tona a não-insignificância do silêncio em sala de aula de língua adicional (LA). Partindo-se do pressuposto de que interagimos com o mundo de forma mediada e de que precisamos aprender para que possamos nos desenvolver, este estudo baseia-se na teoria vigotskiana no que se refere à aprendizagem. Com esse intuito, utiliza-se o viés da perspectiva sociocultural para relacionar o silêncio a contextos de construção de conhecimento em LA. Para isso, neste estudo, de natureza qualitativa, interações entre alunos de inglês como LA foram observadas e analisadas em uma universidade do sul do Brasil durante a realização de tarefas colaborativas. Para análise de dados foram analisados protocolos verbais sob a ótica da teoria sociocultural. Este trabalho visa problematizar os possíveis sentidos, influência e, em especial, as funções do silêncio na aprendizagem de LA. Com base na literatura, optou-se por categorizar as funções do silêncio como: cognitiva, interativa e social. A função cognitiva do silêncio está relacionada a questões internas, intra-relacionais, como escolhas lexicais e planejamento semântico; a função interativa do silêncio está ligada à conexão micro-relacional entre os interlocutores, como proximidade e evitação de face; e a função social do silêncio tem a ver com questões macro-relacionais, como estilos pessoais, questões de gênero social e afirmação de identidade cultural. Neste estudo investiga-se como as participantes explicam o uso do seu silêncio no contexto de sala de aula de LA durante a realização de uma tarefa colaborativa; como as participantes explicam o silêncio da sua interlocutora na interação em sala de aula de LA durante a realização desta mesma tarefa colaborativa; e quais as funções de silêncio observadas pela pesquisadora durante essas interações. Assim, almeja-se auxiliar professores de línguas e demais profissionais da Linguística Aplicada a refletirem sobre o ensino/aprendizagem de maneira mais ampla, enxergando as interlocuções em aula de modo mais global, incluindo o silêncio, para que se possa oferecer novas contribuições no que se refere a processos de construção de conhecimento.