Resumen:
Apesar de muitas vezes as condições climáticas serem favoráveis para alcançar o conforto térmico em edificações que operam com o uso da ventilação natural, o número de edifícios que recorrem ao resfriamento mecânico, por exemplo aos condicionadores de ar, como principal estratégia de climatização tem aumentado consideravelmente. Além de problemas devido ao elevado consumo de energia, alguns estudos apontam que essa situação pode proporcionar uma má qualidade do ar interior, o que para o caso de ambientes de ensino pode ser gravemente prejudicial. Em contrapartida, o uso da ventilação mecânica pode gerar um efeito significativo no resfriamento interno com um consumo inferior de energia e com melhores taxas de renovação de ar. Sendo assim, este trabalho tem como objetivo principal analisar a influência da renovação de ar no conforto térmico de estudantes universitários, comparando resultados de medições de campo e de pesquisas subjetivas em salas de aula com ventilação natural e uma sala com sistema de ventilação mecânica. Os experimentos de campo foram realizados em salas do campus da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos) em São Leopoldo-RS, com ênfase na estação mais quente do ano. Os dados foram coletados a partir de medições ambientais realizadas concomitantemente às pesquisas subjetivas, que foram realizadas por meio de um questionário entregue aos estudantes, ocupantes dos ambientes avaliados, resultando em um total de 616 questionários. As análises foram realizadas a partir das informações obtidas, sendo os resultados apresentados em forma de gráficos e tabelas, através do cruzamento entre os dados microclimáticos e as respostas dos usuários. Os resultados mostraram que a sensação térmica dos ocupantes da sala com sistema de ventilação mecânica foi mais satisfatória quando comparados aos usuários das demais salas avaliadas. Em relação a aceitabilidade térmica nos dias de avaliação comparativa, 72,5% dos ocupantes da sala com maior renovação de ar classificaram o ambiente como “aceitável” e 27,5% como “inaceitável”. Nas demais salas apenas 40% dos ocupantes classificaram o ambiente como “aceitável” e 60% como “inaceitável”. O estudo também mostrou, para os meses da estação mais quente, uma melhor aplicabilidade do modelo de conforto adaptativo na sala de aula com índices mais elevados de vazão de ar externo. Os resultados encontrados evidenciam ainda que o aumento da taxa de renovação de ar na sala de aula proposta, em conjunto com as ações adaptativas dos ocupantes, proporcionou melhores condições de conforto térmico quando comparada às salas com ventilação natural.