Resumen:
A alvenaria é um dos sistemas construtivos com maior uso no Brasil, dada a disponibilidade dos materiais, conhecimento da técnica e baixo custo. Devido aos programas de aceleração do crescimento no país, foram construídos diversos edifícios habitacionais com o uso deste sistema, com função estrutural. Concomitantemente com esse crescimento, se deu a entrada em vigor da norma de desempenho das edificações habitacionais, a ABNT NBR 15575:2013, que fixa requisitos e critérios mínimos a serem atendidos pela edificação, sendo um deles a segurança contra incêndio nas construções. Nesse cenário, destacam-se algumas lacunas nos estudos técnicos: o comportamento da alvenaria estrutural quando submetida a elevadas temperaturas, a influência do carregamento nas deformações do plano verificadas no sistema vertical de vedação e a influência do revestimento argamassado no comportamento dos painéis frente ao fogo. Objetivando contribuir com esse segmento, este trabalho visou o desenvolvimento de estudo para identificar quais parâmetros afetam o comportamento das alvenarias frente a altas temperaturas. Para tal, foram avaliadas alvenarias constituídas de um mesmo tipo de bloco cerâmico, variando seu revestimento interno (0, 15 e 25 mm de espessura) e externo fixo de 25 mm, em ensaios com e sem aplicação de 10 tf/m. A norma utilizada foi a ABNT NBR 5628:2001, para análise com e sem carregamento, com o emprego de forno normatizado. Destaca-se que os ensaios foram realizados em sistemas de vedação estrutural em tamanho real, de modo que se possa verificar o isolamento térmico, a estanqueidade, a passagem de gases e fumaça, bem como a estabilidade estrutural. Por meio de análise dos resultados obtidos, percebeu-se que há influência da espessura do revestimento em argamassa e do carregamento no comportamento da alvenaria. As paredes com carregamento apresentaram menores deslocamentos horizontais quando comparadas às sem carregamento. Em relação as paredes sem revestimento interno, a redução foi de 25,7%. Nas paredes com 15 mm de revestimento na face exposta, essa redução foi de 58,1% e nas paredes com 25 mm, a redução foi de 41,0%, em relação as paredes sem aplicação de carregamento. Foi percebida, na medida em que se aumentou a espessura do revestimento, um decréscimo nos deslocamentos horizontais fora do plano, passando de 40 mm para 29 mm aos 240 min. Em relação ao revestimento em argamassa, houve uma melhora considerável nas propriedades de isolamento térmico das paredes. As paredes sem carregamento e com revestimento de 25 mm na face interna, apresentaram uma redução de 43,3% na temperatura externa. As paredes com carregamento e revestimento de 25 mm, houve um decréscimo de 23,8%, inclusive modificando seu Tempo de Resistência ao Fogo (TRF).