Abstract:
Esta Dissertação de Mestrado tem como tema principal os sentidos atribuídos pelos bibliotecários às suas práticas e ao espaço físico da biblioteca em que trabalham, em tempos de cibercultura, visto que, além de o uso das tecnologias digitais ter se consolidado nas tarefas diárias destes profissionais, há importantes transformações nelas e nos modos de pesquisar e ler no ambiente acadêmico. Trata-se de uma pesquisa com abordagem qualitativa e com a metodologia do estudo de caso exploratório, realizada com bibliotecárias que trabalham ou que já trabalharam na Biblioteca da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (Biblioteca FAMED/HCPA), com as quais foram feitas oito entrevistas semi-estruturadas, dentre elas duas bibliotecárias aposentadas que atuaram por mais de 20 anos nesta Biblioteca. O trabalho visa contribuir para a reflexão sobre as perspectivas futuras das bibliotecas universitárias e das práticas dos bibliotecários que, ao longo do tempo, foram influenciadas por constantes transformações nos hábitos de leitura do “ciberleitor” ou leitor na/da cibercultura. Quanto ao referencial teórico para contextualizar as transformações ocorridas nas práticas de leitura e nas práticas bibliotecárias a partir do uso das tecnologias digitais, foram utilizadas como base as considerações de Lúcia Santaella, Roger Chartier, Humberto Eco, Jean-Claude Carrièrre e David Lankes, entre outros autores. Por meio da pesquisa, foi possível refletir sobre a memória da Biblioteca FAMED/HCPA e identificar algumas características históricas da pesquisa na área médica nesta biblioteca, além de, e principalmente, verificar como as bibliotecárias percebem suas práticas no contexto da cibercultura. A pesquisa demonstrou que, nas concepções sobre as práticas do bibliotecário, se percebe um movimento de mudança de sentidos, sendo que o sentido de “mediador” passa a dar mais espaço ao sentido de “educador”, e a ação de “esperar o usuário” passa a dar lugar à ação de “buscar o usuário”, o que aponta não só uma preocupação com relação ao uso da biblioteca e de seus recursos, mas também com uma reafirmação e melhoria da imagem profissional do bibliotecário e de sua valorização social e acadêmica.