Resumen:
Tendo em vista que o resultado de uma entidade impacta na decisão dos investidores, no mercado e na administração da empresa, determinados gestores podem se utilizar da discricionariedade no processo de mensuração e evidenciação contábil para gerenciar os resultados. Visando compreender as circunstâncias que estão atreladas à essa prática no Brasil, esta pesquisa teve como objetivo analisar a relação entre as características do Chief Executive Officer (CEO) e o gerenciamento de resultados em empresas listadas na BM&FBovespa. Para a consecução deste estudo, foram coletadas as informações do CEO de cada empresa, como idade, gênero, experiência anterior, nível de escolaridade e área de formação, bem como sua forma de eleição e os cargos por ele ocupados, no período de 2010 a 2015, por meio do Formulário de Referência. Para detectar o gerenciamento de resultados, foram utilizados os modelos de Jones (1991) e de Jones Modificado (1995), cujos resíduos representam os accruals discricionários, vistos pela literatura como proxy do gerenciamento de resultados. Dessa forma, para cada empresa e em cada ano, foram estimados os accruals discricionários e estes foram considerados como a variável dependente de uma regressão múltipla elaborada para estabelecer uma relação entre as características do CEO e o gerenciamento de resultados. Os dados foram organizados e estimados em poll de cross section. Os principais resultados indicam que quanto maior a medida de remuneração por desempenho (MRD) do CEO, menor será o uso de accruals discricionários na empresa e, consequentemente, haverá menor nível de gerenciamento de resultados. Também se verificou que há relação entre a idade e o gênero do CEO com o gerenciamento de resultados, indicando que quanto maior a idade do CEO, menor é o gerenciamento de resultados e que os homens fazem mais uso dos accruals discricionários. Identificou-se ainda que as empresas cujo controle acionário é estrangeiro estão menos relacionadas com o gerenciamento de resultados.