Resumo:
O funcionamento do progresso tecnológico exige a compreensão da dinâmica da difusão de inovações. A difusão consiste na propagação de uma inovação. Sem difusão não existe a inovação, uma vez que são conceitos imbricados. As tecnologias da informação e comunicação (TIC) revolucionaram as estruturas de negócios das firmas e das indústrias, e são fundamentais para a difusão de outras inovações. Considerando tal cenário, para melhor compreensão de trajetórias tecnológicas dos países, releva compreender a dinâmica da difusão de inovações. Esta pesquisa pretende, portanto, responder ao seguinte problema: qual é a dinâmica do processo de difusão da tecnologia da internet e da telefonia móvel nos países desenvolvidos e nos países em desenvolvimento? Com o objetivo de compreender a referida dinâmica, foram utilizados os dados empíricos de consumo destas duas tecnologias para os grupos de países do G7 e do BRICS respectivamente, em um recorte temporal de 1990 a 2014. Aplicou-se o modelo matemático de Bass (1969), gerando curvas de consumo ajustadas pelo método dos mínimos quadrados. Como principais resultados destacam-se: i) a dinâmica de difusão destas duas tecnologias confirma o comportamento proposto por Rogers (1962), de uma curva em formato “S” ao longo do tempo representando as adoções pela população; ii) o modelo ajustou as curvas de difusão destas tecnologias com baixos índices de erros, que ao longo de 25 anos ficam entre 0,2% e 5,1%; iii) países desenvolvidos tendem a ter mais adotantes inovadores na população; iv) adotantes imitadores exercem maior influência na adoção de inovações; v) não há uma relação direta entre a velocidade e o nível de desenvolvimento das economias estudadas; vi) os países desenvolvidos analisados atingiram o ponto de inflexão no processo de difusão antes que as economias em desenvolvimento; vii) algumas nações atingirão apenas pouco mais da metade de sua população com acesso à internet. Nas economias em desenvolvimento, além da adoção tardia, o processo para capturar novos adotantes por ano é lento, chegando ao ponto de que, enquanto os países desenvolvidos já estão atingindo saturação, na maioria das economias em desenvolvimento analisadas, estas tecnologias ainda apresentam potencial capacidade para difusão. Por fim, destaca-se que, se estas duas tecnologias tendem a contribuir para a difusão de outras inovações, presume-se que o problema do progresso tecnológico retardado tende a se agravar para as economias em desenvolvimento.