Resumen:
O propósito desta pesquisa é analisar a problematização que surge das imagens que não são apenas dispostas para serem vistas, mas também e, principalmente, para serem manuseadas. A materialidade das relações oportuniza diversas experiências de uso nos audiovisuais contemporâneos, deste modo justificasse a importância de estudos voltados para compreensão desse fenômeno. Esta pesquisa propõe analisar o que emerge das possibilidades de uso, enunciando como o webdocumentário Le Défi des Bâtisseurs está estruturado e o que decorre das montagens feitas pelo usuário, em um fluxo sistêmico, construído para que o ele se relacione com a obra em diferentes ambientes e de diferentes maneiras. Nesta visada, o legado cinematográfico se apresenta com preponderância, regendo as dinâmicas empregadas. Utiliza-se como método o mapeamento cartográfico (KILPP, 2010a) e, como ferramentas metodológicas, a figura do flâneur e do colecionador (BENAJMIN, 2006). Através do mapeamento cartográfico se constrói, nas análises, uma imagem dialética do audiovisual Le Défi des Bâtisseurs. Uma imagem dialética de diferentes tempos que se estabelece a partir de um momento específico, não como uma imagem de fotografia que se possa mostrar, mas como um enunciado de uma imagem repleta de questões visíveis e invisíveis, de uma série de usos que se repetem e se diferenciam, através de órbitas de montagem que mudam de desenho com cada novo usuário. O estudo inclui movimentos teórico-metodológicos que recaem na figura de Deleuze (1985) sobre as escolas de montagem e os avatares das imagens-movimento, sustentado pelos complementos teóricos de Gumbrecht (2010) sobre a produção de presença e a experiência estética. Ao fim, os objetivos são alcançados ao se evidenciar a emergência das montagens estético-narrativas.