Resumo:
O presente trabalho versa sobre a governança de Redes de Cooperação Federadas, uma tipologia específica das Relações Interorganizacionais. O estudo buscou, motivado pelas lacunas teóricas observadas na literatura, identificar os elementos que compõem o sistema de governança das Redes de Cooperação Federadas e como eles podem ser projetados para reduzir os conflitos e os custos de agência nas Federações. Percebeu-se que os estudos que descrevem e analisam os elementos internos da Governança das RIs não chegam a abordar a separação da propriedade e do controle, característico das Redes de Cooperação Federadas. Autores que versam sobre a separação da propriedade e do controle não apresentam os elementos internos da Governança das RIs. Da mesma forma, os estudos não chegam a tratar como os elementos internos da governança (estrutura e mecanismos de governança) podem ser combinados para minimizar os conflitos e custos de agência. Sob a luz da Teoria da Agência, da Teoria da Representação e da Teoria Organizacional usada no contexto das RIs, chegou-se à proposição de três elementos do sistema de governança das Redes de Cooperação Federadas: (a) a estrutura de governança; (b) os mecanismos de governança instituídos para incentivar e controlar o comportamento dos agentes; (c) os mecanismos de governança instituídos para incentivar e controlar o comportamento dos principais. Para a validação empírica do modelo proposto, optou-se pela realização de um estudo qualitativo, de natureza exploratória, por meio do método de estudo de caso múltiplo. O estudo foi operacionalizado por meio de dois estudos de caso: um na Rede Âncora Brasil e o outro na Rede Construir. Os resultados permitem afirmar que, embora presentes, os elementos estruturais e mecanismos de governança sobre os principais e sobre os agentes apresentam características distintas. Há, em um extremo, uma Federação com um maior nível de instâncias de decisão, maior número de atividades desenvolvidas pela Federação, o que tende a levar a uma maior centralização, formalização, padronização, coordenação e controle. No outro extremo, encontra-se uma Federação com poucas instâncias de decisão, menor número de atividades desenvolvidas pela Federação, o que tende a levar a uma descentralização, menor formalização, padronização, coordenação e controle. O estudo empírico levou à adição do elemento representação e participação na estrutura de governança das Redes de Cooperação Federadas. Os mecanismos internos e externos de governança, amplamente utilizados nas corporações também foram identificados no contexto das Redes de Cooperação Federadas. Constatou-se, entretanto, que o Conselho de Administração ou órgão correspondente é o mecanismo mais efetivo para redução dos custos e conflitos de agência. Entre as contribuições teóricas do trabalho, destaca-se a adoção de uma nova perspectiva do conceito de governança das Redes de Cooperação Federadas sob a luz da Teoria da Agência.