Resumen:
O presente estudo teve como objetivo analisar o discurso da internacionalização como um referente da qualidade da educação superior no Brasil, a exemplo de alguns nações tais como: Estados Unidos, Reino Unido e Austrália. Para tal, tomou o Programa Ciência sem Fronteiras (CsF) como uma experiência inédita no contexto das políticas nacionais. O referido Programa, lançado em dezembro de 2011, representa um marco na história da mobilidade acadêmica no Brasil, disponibilizando bolsas de estudo no exterior que priorizam os estudantes de graduação. O montante de recursos públicos alocados sustentou o interesse de contribuir para o acompanhamento e avaliação da proposta, visando melhor instrumentalizar as IES na preparação dos candidatos e aproveitamento coletivo da experiência. Nessa perspectiva foi desenvolvida uma pesquisa qualitativa, ouvindo, através de entrevista semiestruturadas, gestores de quatro universidades do sul do país, envolvidos com o Programa. Também participaram da empiria 58 estudantes em mobilidade em diferentes países, após retornarem ao Brasil. Os seus depoimentos foram coletados, primeiramente, através de questionário on line, com perguntas abertas. Num segundo momento alguns aprofundaram as questões através de entrevista individual. Os aportes teóricos de Jane Knight (2005), Boaventura de Sousa Santos (1997, 2013, 2014), Marilia Morosini (2006), Philip Altbach (2001, 2002.) e. outros contribuíram para as compreensões conceituais e interpretação dos dados. Para esta tarefa foram utilizados os referentes da Análise de Conteúdo, a partir de Bardin (1977). Os dados indicaram que o Programa foi implantado sem alinhamento prévio com as Instituições, o que levou a dificuldades estruturais para sua implantação. A cada Edital, as ações forma sendo aprimoradas. Os gestores consideram importante o CsF e reafirmam a disposição de suas Instituições de participarem das próximas etapas. Embora ainda sejam incipientes as ações relativas à potencialização coletiva do vivido pelos estudantes, tais como o aproveitamento acadêmico da mobilidade estudantil, alguns benefícios, porém, podem ser identificados em nível institucional. Mudanças significativas na dinâmica das equipes de Relações Internacionais e de Mobilidade Acadêmica já são percebidas. Para os estudantes a oportunidade foi, em geral, muito positiva e as aprendizagens foram analisadas a partir de uma categorização que levou em conta os ganhos acadêmicos e pessoais. Ampliaram a visão de mundo e aperfeiçoaram as competências linguísticas e interculturais que, na visão dos alunos, são de grande valia no mundo globalizado. Ressentem-se de maior estrutura na preparação prévia à viagem e melhor aproveitamento das experiências vividas, ao retornarem para a universidade de origem. O estudo, entretanto, evidenciou uma avaliação positiva da internacionalização como um fator que qualifica a educação superior, tanto de parte dos gestores como dos estudantes. Os achados tem a intenção de contribuir com as IES, de forma a aperfeiçoar a gestão do Programa e potencializar os resultados numa dimensão coletiva e de impacto social.