Resumen:
A Economia da Tecnologia tem como natureza estudar o desenvolvimento do progresso técnico, as suas dimensões microeconômicas, o processo de difusão tecnológica e a sua influência no desenvolvimento econômico. Frequentemente combinada com o pensamento evolucionista, a Economia da Tecnologia estuda a firma sob uma perspectiva sistêmica, na qual a história, os vínculos externos, o território e as instituições formam, em conjunto, o Sistema de Inovação que é capaz de condicionar o desempenho tecnológico e competitivo da região. Para esse enfoque, o espaço importa, e diferentes proximidades são relevantes para se compreender o comportamento inovador da firma. A Geografia Econômica, a partir da virada institucional, ocupa-se cada vez mais com a ideia de evolução (NELSON; WINTER, 1982) e de proximidade na formação da paisagem econômica, que entende as experiências e as competências aprendidas por indivíduos em determinada localidade ao longo do tempo como elemento que pode, em grande medida, determinar o presente e a trajetória futura do espaço. Para investigar o caminho traçado pela região, economistas têm procurado pistas em diversas disciplinas relacionadas (ciência regional, geografia da inovação, etc.) originando um subcampo dentro da economia intitulado Geografia Econômica Evolucionária. Nesta corrente, a inovação é capaz de provocar alteração na dinâmica econômica regional, e o conhecimento assume postura central nesse contexto. A ideia fundamental é que existe a necessidade de interação e comunicação para ocorrer a troca de conhecimento entre agentes, que é sustentada por diversos tipos de proximidade. Partindo desses conceitos, o trabalho procura entender o comportamento das dinâmicas de proximidades nas interações estabelecidas pelas firmas para a realização de suas atividades inovativas e utiliza como objeto de análise o setor de equipamentos médico-hospitalares do Rio Grande do Sul. Como forma de atingir seu objetivo, o trabalho faz uso de pesquisa survey para a coleta de dados e utiliza ferramenta voltada à análise de redes sociais. Os resultados indicam que a proximidade geográfica e a proximidade social atuam como importante drive na formação das relações da amostra. A proximidade institucional demonstrou alguma importância para o setor; porém, não se pode dizer o mesmo para as dimensões cognitiva e organizacional. O profissional da saúde (médico, enfermeiro, odontologista, etc.) é identificado como agente que assume caráter estratégico e é capaz de induzir a inovação. Também se pode citar uma relação intensa (porém menos estratégica) com fornecedores de peças especializadas e os hospitais, estes últimos utilizados sob condições específicas. As relações com universidades são realizadas em situações críticas (gargalos tecnológicos), para as quais não são encontradas soluções no ambiente interno ou junto aos fornecedores. Como contribuição central do trabalho para a discussão teórica da área, destaca-se o olhar do estudo, atento à formação estrutural da rede de contatos construída pelas firmas voltadas à produção de equipamentos médicos, hospitalares e odontológicos do RS. Essa pesquisa também contribui para uma literatura sobre as dinâmicas de proximidade que recentemente vêm ganhando destaque, e que transita ativamente nos periódicos internacionais, mas, a priori, ainda ocupa um espaço relativamente pequeno nos principais jornais e revistas nacionais. Finalmente, considerando o ponto de vista evolucionário e a centralidade que a inovação representa nesse contexto, a pesquisa tem potencial para auxiliar no aprofundamento da literatura voltada para a dinâmica inovativa da saúde, especialmente, do setor médico-hospitalar do Rio Grande do Sul, tema que concentra baixa produção bibliográfica e merece maiores aprofundamentos para sua promoção.