Abstract:
O cyberbullying é entendido como uma forma de comportamento agressivo que ocorre através dos meios eletrônicos de interação (computadores, celulares, sites de relacionamento virtual), sendo realizado de maneira intencional por uma pessoa ou grupo contra alguém em situação desigual de poder e, ainda, com dificuldade em se defender. Os estudos disponíveis até o presente momento destacam que o cyberbullying é um fator de risco para o desenvolvimento de sintomas de ansiedade, depressão, ideação suicida, abuso de substâncias psicoativas, dentre outras situações potencialmente danosas ao desenvolvimento. Todavia, pouca atenção tem sido dada em relação ao fenômeno no Brasil e na América Latina. Assim, o objetivo dessa dissertação foi investigar o cyberbullying, através de dois estudos distintos, sendo um de natureza teórica e outro empírico. O estudo teórico, apresentado na seção 1, traz dados sobre a prevalência do fenômeno em distintos países, além de discutir as consequências e aspectos conceituais que diferenciam o bullying do cyberbullying. Do mesmo modo, fatores de risco e de proteção em relação ao cyberbullying são tratados e estudos atuais sobre o tema são amplamente revisados e discutidos. Já a investigação empírica, que compõe a seção 2, foi realizada com adolescentes com idades variando entre 13 a 17 anos (N=367), provenientes de escolas públicas e privadas da região metropolitana de Porto Alegre, RS. O objetivo principal foi de analisar a prevalência do cyberbullying e suas relações com sintomatologia depressiva, verificando possíveis diferenças entre meninos e meninas e as diferenças em relação a faixa etária dos participantes. Um percentual elevado de adolescentes referiu estar envolvido com o processo (72,7% com cyber agressão e 75,6% com cyber vitimização), não havendo diferença significativa entre meninos e meninas. Associações positivas e significativas entre o envolvimento com cyberbullying com a idade dos participantes, o tempo gasto na internet e sintomas de depressão foram identificadas. Constatou-se também que os adolescentes caracterizados como vítimas-agressores do processo de cyberbullying apresentaram níveis mais elevados de depressão quando comparados aos estudantes não envolvidos com o fenômeno. Dados sociodemográficos e relacionados à interação dos adolescentes com as ferramentas tecnológicas e virtuais são descritos e discutidos. Foi possível verificar que o cyberbullying é um fenômeno de extrema relevância e que ainda necessita ser largamente estudado no contexto brasileiro. Estudos apontam o quanto este processo pode ser fator de risco para o desenvolvimento de jovens e ressaltam a importância de pesquisas que subsidiem intervenções. Dados do estudo empírico corroboram achados da literatura, assim como 14 apontam para diferenças culturais no que tange a este fenômeno. Também se apresentam, ao final dessa investigação, sugestões para estudos futuros, bem como são ressaltadas as limitações da mesma.