Abstract:
A presente tese parte do conceito de Metrópole Comunicacional, proposto por Massimo Canevacci, conectando-o aos estudos de Lev Manovich, que explicitam uma crescente influência do software em nossa sociedade. Com estes dois pilares, esta pesquisa objetiva compreender a concepção de uma metrópole comunicacional softwarizada que emerge do uso de aplicativos para dispositivos móveis de comunicação (os smartphones). Essas mídias móveis tornaram-se parte essencial deste trabalho por proporcionarem mobilidade ao usuário que circula pelos espaços físicos, promovendo uma maior interação com o contexto territorial e ocasionando novas dinâmicas de comunicação e convívio. Dados referenciados no interior desta tese nos levam a crer que em pouco tempo praticamente todos os aparelhos de telefonia móvel serão smartphones, fato este que reconfigurará de vez as práticas urbanas estabelecidas. Além das características comunicacionais que carrega, a metrópole observada é também interpretada como um ambiente criativo, projetual, audiovisual e softwarizado, que recebe interferências de outras áreas do conhecimento, como o design. Neste contexto, um conjunto de aplicativos para dispositivos móveis (os apps) que exploram questões urbanas surge como um instrumento contemporâneo que conversa de diferentes formas com esta múltipla metrópole, desde a concepção de suas práticas até as mutações culturais que ocasionam. Para responder aos questionamentos desta pesquisa e identificar as transformações decorridas, fez-se uso do personagem flâneur, de Walter Benjamin, como recurso metodológico que ocasionou a definição e análise de 15 fragmentos contextuais extraídos da metrópole observada nos apps e em suas imagens. O cruzamento destes fragmentos destacou particularidades e dinâmicas que atualizaram o entendimento de Metrópole Comunicacional, interpretando-a como uma combinação entre suas ruas, avenidas e as dinâmicas ocasionadas pelos apps sobre elas, tal como acontece entre selfies e paisagens urbanas, entre check-ins e benefícios ganhos, entre a smarphonização que se instaura e a falta de sinal Wi-Fi predominante, uma mistura entre perder-se e não perder-se jamais, entre a cultura digital e os processos midiáticos, entre modelos, hábitos e experiências vividas, entre criatividade e projeto, entre vozes, meios e mensagens, entre compartilhamentos e dispositivos, ou ainda, uma composição entre os próprios aplicativos móveis e a metrópole comunicacional com que interagem.