Resumo:
O presente trabalho objetivou a incorporação dos conceitos de sustentabilidade na formulação da estratégica de operações. O modelo proposto compreende cinco vértices: o contexto externo, as decisões e práticas de manufatura, as atividades da Rede de Valor em Operações (com ênfase na área de suprimentos), os sistemas de aprendizado organizacional (troca de conhecimento interno e externo), assim como o desempenho em manufatura (dimensões competitivas). A principal contribuição teórica deste modelo é que a sustentabilidade é tratada de maneira intrínseca, apresentando a sua interação com cada uma das vértices, expandindo os conceitos tradicionais. O principal consenso encontrando na literatura é a influência do ambiente externo para a adoção de práticas sustentáveis. Assim, esta pesquisa se apoiou em duas teorias organizacionais: a teoria dos stakeholders e a teoria institucional. Enquanto a primeira busca compreender as demandas específicas por práticas sustentáveis, a segunda compreende um sistema de valores mais amplos e profundos na estrutura social. Para validar empiricamente o modelo proposto, foi desenhado um estudo survey de corte transversal, dirigido aos gerentes das fábricas metal-mecânicas e eletroeletrônicas. Essas fábricas estão localizadas no Brasil e foram extraídas da base das Federações das Indústrias. A amostra resultou em 277 empresas, as quais foram contatadas individualmente, por telefone, sendo a pesquisa apresentada aos diretores industriais. Posteriormente, os dados foram coletados, usando-se um questionário estruturado, com escalas previamente validadas em outros estudos na área de operações e novas escalas formuladas especificamente para este estudo. Houve 62 respondentes válidos, representando uma taxa de resposta de 22%. Os dados coletados serviram para dois estudos. O primeiro estudo relaciona as pressões dos stakeholders com as práticas de gestão de manufatura, voltada para melhoria no desempenho ambiental da empresa. Os resultados evidenciam que stakeholders mais coercivos são os regulatórios (através de leis e normativas), os clientes locais e internacionais e os acionistas. O segundo estudo relaciona a aprendizagem organizacional, a gestão de processos sustentáveis, a gestão de suprimentos sustentáveis e as dimensões competitivas. Para avaliar o fator institucional, dados de uma pesquisa realizada no Canadá foram incorporadas ao segundo estudo. A base canadense foi coletada com as mesmas escalas da base brasileira, endereçando os mesmos ramos industriais. Além disso, apresenta as mesmas características nos respondentes e na taxa de resposta: 18%. Dessa forma, a variável país foi utilizada como fator moderador nas relações. Verificou-se que, no Brasil, onde o custo de mão-de-obra é menor e os equipamentos de produção são mais caros, a troca de conhecimento interno desempenha um papel fundamental nas relações com gestão de processos sustentáveis e suprimentos. Já nas fábricas canadenses, onde o cenário é o oposto, mão-de-obra cara e equipamentos mais baratos, a troca de conhecimento externos é importante. O desempenho em manufatura não apresentou diferenças, sendo que, em ambos países, a troca de conhecimento interno influencia o desempenho em entrega e a troca de conhecimento externo impacta no desenvolvimento de novos produtos. As principais contribuições deste trabalho são fornecer subsídios para a literatura emergente e para as práticas de gestão na área de operações.