Resumen:
Esta dissertação de mestrado investiga a psicodinâmica da criança com sintomas emocionais e o funcionamento de sua família. O trabalho é apresentado através de dois artigos teórico-clínicos, constando dois estudos de casos documentais em cada um deles, criados a partir dos relatos da avaliação psicodiagnóstica e de atendimento psicoterápico com os pacientes/participantes. A primeira seção apresenta uma pesquisa realizada através do uso do psicodiagnóstico da criança porta-sintoma como dispositivo para o estudo e a prática da psicanálise vincular, na medida que se obtém dados sobre a psicodinâmica dos processos intersubjetivos, do sujeito e seu lugar no inconsciente grupal. A partir do estudo consciliente da psicanálise vincular, da lógica da complexidade de Morin e do terceiro incluído de Nicolescu, verificou-se que o psicodiagnóstico pode ser um exemplo de técnica interventiva que propicia a coleta de dados e compreensão do caso de forma complexa, bem como favorece o estabelecimento do vínculo dos pacientes com o profissional. Constatou-se também que a atividade pode também exercer uma função intermediária na escolha de modalidade de tratamento mais adequado e facilitar a participação da família que eventualmente possa apresentar resistência na aceitação do atendimento vincular. A segunda seção da dissertação compreende um artigo sobre o processo psicoterapêutico em que foi trabalhada a criação da demanda vincular, a partir da busca por atendimento individual da criança porta-sintoma. Os dois casos de atendimento em psicoterapia apresentados contemplam a análise psicodinâmica do sintoma das crianças com fatores indicadores do funcionamento familiar patológico. Através de um estudo de casos contrastantes, buscou-se compreender as características psicodinâmicas de duas famílias: a primeira, que aceitou a indicação da psicoterapia vincular, e a segunda, que recusou o atendimento em grupo. De modo geral, o trabalho possibilitou a reflexão a respeito da complexidade que o estudo e o trabalho psicanalítico exigem em relação aos diferentes processos de subjetivação presentes nas configurações familiares.