Abstract:
Atualmente, há uma necessidade crescente pela busca por alternativas viáveis energeticamente, de baixo custo e sustentáveis que substituam o uso de combustíveis fósseis. Uma opção é a produção de biomassa energética através de microalgas, considerada uma alternativa limpa em relação a outras que demandam amplas áreas para cultivo e são geradoras de impactos ambientais. Nesse contexto, a pesquisa teve como objetivo avaliar a influência da temperatura e nutrientes no teor de lipídios de culturas de espécies de microalgas de água doce, visando o uso destes lipídios para a produção de biodiesel. Para isso, duas cepas de Monoraphidium contortum, uma cepa contendo as espécies de Chlorella vulgaris e Desmodesmus quadricauda e outra de Microcystis aeruginosa, foram mantidas em laboratório, por seis dias, em cinco meios de cultura ASM-1 modificados (controle com altas concentrações de fosfato e nitrato; sem fosfato; com concentração intermediária não limitante de fosfato; sem nitrato; e o último com concentração intermediária não limitante de nitrato). Posteriormente, foram submetidas às temperaturas de 13 ºC, 25 ºC (controle) e 37 ºC, durante oito dias (n=3). A extração dos lipídios foi realizada no 1°, 4° e 8° dias de experimento, seguindo metodologia comumente utilizada, através de solventes a frio, com a mistura de metanol e clorofórmio. Não foi observada variação lipídica significativa entre as cepas (p>0,05). Em média, as maiores produções lipídicas totais foram observadas quando as cepas foram mantidas em 13 ºC e no meio com concentração intermediária não limitante de nitrato. Foi encontrada variação significativa no percentual lipídico total em relação ao fator dia em que foi realizada a extração (p<0,05). O percentual lipídico variou em função da concentração de biomassa algal (p<0,05). A cepa de Microcystis aeruginosa obteve altos teores lipídicos totais, quando mantida em meio de cultura com alteração das concentrações de nitrato e fosfato, contrariando os resultados encontrados na literatura. As cepas testadas podem ser consideradas como potenciais produtoras de lipídios, desde que o meio de cultura, a temperatura e o dia de extração lipídica sejam corretamente estabelecidos. Este estudo mostrou que manipulações de fatores determinantes podem induzir maior concentração lipídica, otimizando a produção total com vistas à utilização desta matéria-prima para o biodiesel.