Abstract:
A percepção de genitores e professores acerca dos problemas emocionais e de comportamento de crianças e adolescentes vem sendo investigada em diversos contextos, tanto nacional como internacional. Sua relevância decorre da alta prevalência desta problemática na infância e adolescência, assim como o consequente encaminhamento para psicoterapia. O presente estudo teve o objetivo de investigar e comparar a percepção de genitores e professores sobre os problemas emocionais e de comportamento de crianças e adolescentes encaminhadas para psicoterapia através de quatro escolas de ensino fundamental do município de Sapiranga/RS. A dissertação é composta de dois artigos o primeiro intitulado: "Problemas emocionais e de comportamento de criança e adolescentes encaminhados para psicoterapia pela escola: a percepção de genitores e professores'' e o segundo: "Características sóciodemográficas de mães e professoras de crianças e adolescentes encaminhadas para psicoterapia através de quatro escolas do município de Sapiranga/RS". Realizou-se uma pesquisa quantitativa com delineamento descritivo e comparativo. A amostra contou com 80 mães, 16 pais e 87 professores de crianças e adolescentes com idades entre 6 e 18 anos. Foram utilizados dois questionários sóciodemográficos, um para os genitores e outro para os professores, e dois instrumentos para avaliar a percepção acerca dos problemas emocionais e de comportamento, um para pai e um para a mãe (Child Behavior Checklist/6-18anos) e outro para os professores (Teacher Rating Form). Os dados foram analisados através do programa estatísticos SPSS (versão 20). Os resultados do estudo mostram que não há discordância entre a percepção da mãe e do pai acerca dos problemas emocionais e de comportamento da criança e do adolescente. No que se refere a percepção de genitores e professores, os pais avaliam maior incidência de problemas de comportamento, tanto internalizantes como externalizantes. Em relação as características das mães e professores os resultados apontam as mães de crianças com idade superior a 12 anos identificando maior índice retraimento/introversão em seus filhos do que nas crianças menores de 8 anos. Já crianças com idade inferior a 8 anos apresentam maior escore de comportamento de violação de regras do que as crianças de 8 a 9 anos. Também apresentaram maior escore de comportamento agressivo do que as crianças de menores de 8 anos, em comparação as de 10 a 12 anos. Os dados do estudo apontam os professores percebendo que as crianças de 10 a 12 anos apresentaram menores escores de retraimento/inversão, problemas sociais, problemas de pensamento, problemas de atenção, comportamento de violação de regras e comportamento agressivo quando comparadas às crianças menores de 8 anos e também em relação às crianças acima de 12 anos nos domínios problemas sociais, problemas de pensamento, comportamento de violação de regras e comportamento agressivo. Referente à idade dos professores cabe ressaltar que os docentes com mais de 44 anos pontuaram menores escores de alunos com problemas de pensamento, comportamento de violação de regras e comportamento agressivo do que os com 39 a 44 anos. Estes avaliaram mais comportamento agressivo do que os docentes com menos de 33 anos de idade. Considera-se que os resultados da dissertação poderão auxiliar os profissionais da área de saúde mental, mais especificamente da comunidade onde se realizou o estudo. Através destes dados pode-se obter um panorama mais completo das crianças encaminhadas para psicoterapia através da escola e de suas famílias subsidiando assim novas intervenções no contexto escolar para lidar com esta problemática.