Resumen:
Este trabalho, que tem como fio condutor as tecnologias e o processo de midiatização da sociedade contemporânea, busca cruzar as concepções teóricas sobre o ambiente das tecnologias para a construção do social com as percepções de docentes e discentes, participantes de grupos e núcleos de pesquisa do Curso de Serviço Social da Universidade Federal do Piauí - UFPI, acerca dos usos, interações (inscrição) com dispositivos midiáticos e contextos para inferir sobre as práticas desses agentes educacionais com a Internet na produção acadêmica. As tecnologias da atual sociedade, dentre as quais, a Internet, permeadas por dinâmicas variadas, se fazem presentes em todos os setores da vida humana, impondo mudanças na sociedade, na cultura, na política, na economia, enfim, nas atividades mais simples do cotidiano. No campo da educação, a exemplo dos demais, a cultura midiática se mostra com evidência, suscitando novas alternativas de ensino, de pesquisa, ampliando as possibilidades interacionais. Em virtude do seu caráter de interface, o presente estudo fundamenta-se tanto nas concepções de teóricos da comunicação, como nas concepções de teóricos da educação. Recorre-se a respeitados autores brasileiros, como Braga (2002, 2006, 2007, 2008), Fausto Neto (2006), Ferreira (2006, 2010a, 2010b), ? bem como a autores estrangeiros, tais como o teórico francês, Miège (2009), Levy (1999, 2000), Lahire (2002), Silverstone (2002), Castells (2003) e outros autores que fazem da temática, objeto de estudo e de reflexão. Foram evocados também autores, como Moran (2000, 2012), Ramal (2002), Nascimento (2003) e outros que, embora voltados para a educação, estão preocupados com as novas configurações midiáticas e suas implicações na educação e na construção do conhecimento. A partir dos dados, coletados por meio de entrevista semiestruturada, da técnica da observação e do questionário semiaberto, foi possível inferir que a Internet, em particular, na sua evolução, traz novos e instigantes desafios, ganhando força entre os agentes educacionais, que passam a viver num novo ambiente vigorizado por um ininterrupto e interativo fluxo comunicacional, o que, por consequência, impele a inscrição desses agentes nos processos midiáticos. Entretanto, a ocorrência de transformações das práticas está vinculada ao modo de inscrição desses agentes nos processos midiáticos, ou seja, nos modos de usos e interações com a internet na produção acadêmica. Nesse sentido, a "reificação tecnológica", que é a percepção das tecnologias como um amontoado de recursos técnicos, isolados, descontínuos, sem relação com a realidade social, impede os agentes de alcançar novas perspectivas de práticas. Por isso, docentes e discentes precisam estar abertos à incorporação dessa nova realidade. O uso das tecnologias na educação e na pesquisa exige competências, tanto prática, para o manuseio da ferramenta em si, como teórica, para integrar harmoniosamente essas técnicas às atividades de ensinar, de aprender e produzir conhecimento. Assim, verificamos que em qualquer circunstância, devemos evitar a alienação e a reificação tecnológica. Da mesma forma que potencializa, a Internet paralisa. As informações que disponibiliza, nem sempre, trazem respostas convincentes às demandas e anseios dos agentes educacionais.