Resumen:
O objeto desta pesquisa é a tensão entre o fenômeno mercantil, que movimenta produção e consumo de materialidades na cultura evangélica, e as suas referências religiosas. Questionamos em que sentido podemos entender a emergência de uma indústria cultural evangélica como fenômeno de midiatização da religião, e que funções distintas são exercidas por seus produtos no campo religioso. Nossa hipótese de trabalho manifesta uma tensão espiritual, fruto da inserção de um grupo religioso no mundo dos objetos. Teoricamente, mobilizamos proposições sobre a midiatização e sobre a industria cultural. Nessa situação o escopo será verificar manifestações do esvaziamento kenótico e das dialéticas de sublimação e de dessublimação na esfera da cultura religiosa. A metodologia da pesquisa empreende um esforço pela superação das visadas sobre a dominação pela técnica. O corpus reúne produtos muito diversificados, organizados em categorias que revelam ações específicas. Considerando os processos de midiatização da sociedade, percebemos a autonomização do gospel em relação ao campo religioso originário. A produção cultural evangélica aciona operações de instituições distintas; eclesiásticas, econômicas; artísticas. Contudo, é organizada pelo gospel, que centraliza todas as suas disposições. Uma delas, em especial, é bastante simples, e garante o contato de circularidade entre os atores da indústria: evangélicos criam para evangélicos. Nossa pesquisa delineia uma situação social indeterminada, fecunda para produzir inferências sobre a mudança de contextos das instituições pelos processos de midiatização da sociedade. Percebemos essa transformação pelo enfrentamento do campo religioso com o midiático, históricos concorrentes no mister de explicação geral do mundo.