Resumo:
O tema dessa dissertação situa-se nas fronteiras entre educação, feminismo e literatura. O objetivo desta pesquisa consiste em analisar a experiência da autoria feminina no processo de formação docente, adquirindo suporte na metodologia de pesquisa-formação segundo Marie Christine Josso. Evidenciam-se os relatos autobiográficos como potencializadores de reflexões, elementos constituintes dessa abordagem experiencial voltada para a formação profissional, em que o processo de autopoiésis produz interações regeneradoras dos projetos pessoais e profissionais, estabelecendo conexão das determinações de gênero com o exercício docente. Busca-se compreender a tessitura da exclusão social no que tange à invisibilidade das mulheres no campo cultural e à narrativa autobiográfica nos estudos literários, bem como os conceitos de experiência e suas implicações na proposta da narrativa autobiográfica pelo viés dos estudos educacionais freireanos, feministas e literários. Os métodos de coletas de dados baseiam-se nas narrativas individuais de alunas do curso de Pedagogia da Unisinos e seus grupos de discussão, realizados segundo o método documentário de interpretação de Ralf Bohnsack e Wivian Weller. Pelas análises, observa-se que tais métodos não só permitem o resgate da memória de formação como também, no tempo presente, tornam visíveis as práticas cotidianas das mulheres educadoras. As análises compreendem três eixos temáticos: os papéis da mulher na família; as mulheres e a capacitação profissional; e a experiência da narrativa autobiográfica. As leituras literárias de três gêneros distintos, um conto, uma autobiografia e uma coletânea de cartas, servem de constructo à análise empírica, possibilitando a intersecção da Literatura com a Educação.