Abstract:
Este estudo teve o objetivo de analisar as vivências de prazer e de sofrimento no trabalho de suinocultores, além de caracterizar a organização do trabalho neste meio e de compreender as estratégias defensivas utilizadas por estes trabalhadores frente ao sofrimento. O estudo teve um delineamento qualitativo e contou com a participação de 16 suinocultores, com idade entre 19 e 67 anos (M: 45,8; DP: 13). A coleta de dados foi realizada através de dois grupos focais e de observações do trabalho na suinocultura. Os dados foram submetidos à análise de conteúdo e descreveram categorias mistas. O prazer no trabalhado dos suinocultores está relacionado à manutenção da tradição da família em trabalhar com suínos, ao retorno financeiro atrelado à subsistência familiar e ao cuidado dos animais. Em contrapartida, e com maior destaque, nas vivências de sofrimento destacaram-se a sobrecarga de trabalho e o desgaste consequente. O sofrimento é ainda, intensificado pela falta de reconhecimento no trabalho e pelo preconceito social relacionado à suinocultura. Para lidar com estas vivências, os trabalhadores fazem uso de estratégias defensivas pautadas na negação da dor e na racionalização, agravando os sintomas de adoecimento relacionados ao trabalho. Tendo em vista estes resultados, considera-se que os suinocultores investigados vivenciam condições de trabalho precárias que culminam na sobrecarga. Como consequência, foram identificados danos à saúde física e mental dos trabalhadores, através da intensificação das lesões e acidentes de trabalho, das dores crônicas, do isolamento social, da ansiedade e do estresse.