Resumen:
O novo perfil demográfico, nutricional e epidemiológico da população muda o cenário sanitarista, porque as doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) assumem papel de destaque, exigindo uma mudança nas práticas e na organização do sistema de saúde. Assim, o trabalho tem como objetivo analisar as práticas das equipes de atenção primária no cuidado longitudinal de pessoas com DCNT, como o diabetes mellitus (DM) e a hipertensão arterial sistêmica (HAS) em um município da região metropolitana de Porto Alegre/RS. A pesquisa é descritiva, exploratória com abordagem qualitativa. A coleta de dados desenvolveu-se em duas etapas. Na primeira etapa foram entrevistadas pessoas com DCNT para conhecer a percepção das mesmas sobre sua saúde, doença e cuidado. A partir disso, foram realizadas discussão focais com quatro equipes da Estratégia de Saúde da Família (ESF) tendo presente elementos que apareceram nas entrevistas. A análise interpretativa chamada de hermenêutica dialética foi a técnica utilizada para a análise dos dados. Os resultados retrataram dificuldades para criar vínculo; para desenvolver uma prática para além da resposta à demanda e para responsabilizar-se pelo usuário diante dos entraves na rede. Essas dificuldades aparecem no desenvolvimento de ações educativas que motivem mudanças comportamentais no estilo de vida e no acompanhamento do usuário em suas necessidades de acesso à rede atenção à saúde. No estudo aparece que as práticas dos profissionais estão pautadas por modelos prescritivos e autoritários de educação em saúde e tendo como foco das ações a patologia e não a promoção da saúde. Planejar o funcionamento dos serviços de saúde e investir em educação permanente para profissionais das equipes de atenção primária possibilitam melhorias no cuidado longitudinal de pessoas com DCNT.