Resumen:
Esta é uma pesquisa sobre value-relevance. A despeito da existência de outros estudos deste tipo em finanças corporativas, os resultados são inconclusivos e instigam debates na academia e fora dela. Muitos autores sustentam que a contabilidade, por estar desenhada para uma economia do tipo industrial, não estaria mais apta a contribuir de forma relevante na determinação dos preços das ações. Trabalhos conduzidos por outros autores em diversos mercados não apontam direções únicas, alguns mostrando perda de relevância do valor patrimonial da ação (VPA) e/ou do lucro por ação (LPA) na determinação do preço dos ativos, outros mostrando situação diversa (COLLINS, MAYDEW e WEISS, 1997; BROWN, LO e LYS, 1999; LEV e ZAROWIN, 1999; TRABUCHO, 2007; ZANINI, CANIBANO e ZANI, 2010). Com o objetivo de contribuir para esta discussão, este estudo analisou as variáveis contábeis tradicionais LPA e VPA na determinação dos preços das ações nos últimos 22 anos, abarcando amostra com empresas listadas nas bolsas de valores em alguns países da América Latina: Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, México e Peru. O modelo para as análises foi o Modelo de Ohlson (1995), já utilizado em inúmeros outros trabalhos. A técnica estatística utilizada foi a análise de regressão múltipla, com dados em painel padronizados, que proporcionaram a comparação direta dos resultados entre os países e a eliminação do efeito escala. Os resultados apontaram para alguma perda de relevância do VPA no Brasil, perda da relevância do LPA na Argentina e no Chile e aumento da relevância do LPA no Peru. Outro resultado importante foi o de que o VPA parece perder relevância no seu poder explicativo em momentos de crises econômicas, situação em que os resultados de curto prazo, espelhados no lucro das empresas, parecem ser mais importantes para os investidores.