Resumen:
Introdução: A prática regular de atividades físicas, principalmente no período da adolescência, pode resultar em um estilo de vida fisicamente ativo na idade adulta, assim como diminuir a ocorrência de problemas cardiometabólicos. Objetivo: Verificar a associação entre atividades físicas realizadas em diferentes períodos da vida, da adolescência à idade adulta, e obesidade abdominal em mulheres trabalhadoras de turnos. Métodos: Estudo de caso-controle não pareado realizado em 2011 com 541 mulheres trabalhadoras de turnos (215 casos; 326 controles), de 18 a 53 anos de idade, de uma empresa no sul do Brasil. Mulheres com circunferência da cintura ≥88 centímetros foram consideradas casos. Exposição à atividade física foi avaliada por um questionário com informações de atividades de lazer, deslocamento, doméstico e trabalho no campo em quatro períodos da vida. Para a análise foi utilizada a regressão logística não condicional. Resultados: A média da circunferência da cintura foi 97,5cm (desvio padrão [DP]:±8,5cm) nos casos e 78,7 (DP:±5,7cm) nos controles, e para a idade, a média foi 35,2 anos (DP:±8,6 anos) e 32,6 anos (DP:±8,4 anos), respectivamente. As atividades de lazer foram mais predominantes no período da adolescência com significativa redução na idade adulta tanto para os casos como controles. Após ajuste para fatores demográficos, socioeconômicos e ocupacionais, verificou-se que as mulheres com obesidade abdominal apresentaram uma chance 50% menor (Razão de Odds [OR]=0,50; Intervalo de Confiança de 95% [IC95%]:0,27 - 0,93;p=0,029) de terem praticado cinco ou mais atividades físicas quando comparadas às que praticaram uma ou nenhuma atividade física. Não foi identificada diferença nas atividades físicas de deslocamento, doméstico e de trabalho no campo entre casos e controles. Conclusões: Exposição a um maior número de atividades físicas de lazer na adolescência pode oferecer proteção para obesidade abdominal na vida adulta, mesmo que haja redução das atividades ao longo da vida.