Resumen:
Instituições de ensino evidenciam um conjunto de características comumente denominadas coisas de escola. Há educandários, porém, que além destas características universais, apresentam também especificidades, isto é, uma cultura escolar própria, construída historicamente com base em valores e normas que se traduzem nas práticas cotidianas. Este estudo teve como objetivo identificar elementos que constituíram/constituem a cultura escolar do Instituto Federal do Rio Grande do Sul Câmpus Sertão. Para tal, a memória de ex-alunos foi assumida como principal objeto de pesquisa. Assim, através de reminiscências, um grupo de egressos do curso Técnico em Agropecuária (1972 – 2010), contribuiu efetivamente para dar resposta à questão norteadora, isto é, como os egressos rememoram o tempo vivido e que marcas da cultura escolar estão presentes em suas memórias? O estudo valeu-se de referenciais da história cultural, em especial cultura escolar e memória constituíram ferramentas conceituais básicas, tendo como principais inspiradores autores como Peter Burke, Dominique Julia, Sandra Pesavento, Clifford Geertz e Pierre Nora, entre outros. Os procedimentos metodológicos foram desenvolvidos em dois momentos, o primeiro consistindo na aplicação de questionário e o segundo na efetivação de entrevistas gravadas e transcritas. O conjunto de dados e narrativas permitiu chegar a algumas conclusões, tais como identificar características gerais e outras muito específicas daquele contexto escolar: uma cultura envolvendo diferentes manifestações de práticas instauradas no interior da escola e do internato, transitando de alunos a professores, de normas a costumes, de prescrições a desobediências, de elogios a delitos; desde a tradição dos apelidos até a permanência de determinadas atitudes e valores ainda hoje reverenciados. As narrativas evidenciaram o que demais pesquisadores têm constatado: a memória é um cabedal infinito, do qual no momento da evocação só se registram fragmentos. Igualmente ficou constatado que a memória de hoje abranda os acontecimentos relacionados a práticas cotidianas, difíceis de enfrentar no passado. Outra constatação digna de destaque: os fatos relembrados evidenciam, indiretamente, a maneira como a escola se estrutura e se organiza ao longo dos anos, reforçando ou não alguns mecanismos causadores de dominação ou de conformismos. Tais mecanismos – nem sempre decorrentes de legislação ou de diretrizes políticas advindas do poder público – ajudam a edificar determinada cultura escolar.