Abstract:
A discussão acerca do ensino de gramática é um tema sempre atual quando se trata de pensar o ensino-aprendizagem de língua. O trabalho baseado em uma concepção tradicional é ainda dominante em grande parte das escolas, mas novas opções metodológicas e diferentes concepções de ensino vêm procurando ressignificar seu estudo. Com base em uma concepção interacionista de linguagem, acredita-se que o ensino pode se organizar em torno de gêneros textuais. Utilizando a opção metodológica dos Projetos Didáticos de Gênero (Guimarães e Kersch, 2012), este estudo pretende contribuir com reflexões a respeito de um trabalho de análise linguística atrelado às especificidades do gênero textual e às capacidades linguísticas dos alunos. Propõe-se, então, que, no processo de didatização do gênero textual, a dimensão linguística seja abordada através da análise linguística. Nesse sentido, analisa-se o desenvolvimento de dois Projetos Didáticos de Gênero, enfatizando as oficinas de análise linguística. Tais oficinas enfocaram elementos linguísticos essenciais para o gênero desenvolvido (em acordo com o modelo didático de referência montado para o gênero) e aqueles elementos vistos como necessários a partir das produções iniciais dos alunos. Segue-se a análise comparativa entre as produções iniciais e finais para a verificação dos resultados em função das atividades propostas. Esta análise guia a reflexão sobre a possibilidade de se considerar o ensino de gramática através da análise linguística no trabalho com o gênero textual. Como base teórica para essas reflexões, toma-se a noção de gênero de Bakhtin (2003), que considera o caráter dialógico da interação, e o conceito de análise linguística de Geraldi (1984), adotado em diferentes estudos sobre o ensino de gramática, em especial o proposto por Antunes (2007, 2010). As conclusões a que nos remetem os resultados são de que é possível redimensionar o trabalho linguístico a partir do estudo dos gêneros textuais, na direção de valorizar os aspectos constitutivos do gênero e as reflexões sobre como a língua se organiza de fato nas diferentes situações comunicativas em que se envolvem os alunos.