Resumen:
O presente Estudo de Caso procura examinar como se deu a cobertura dos desmatamentos na Amazônia, no jornal O Liberal, do Pará, no ano de 2008. Partimos da premissa de que as notícias sobre o meio ambiente são construídas a partir de um sistema complexo de relações entre jornalistas e fontes de informação, em que as fontes oficiais predominam no processo. Num segundo momento, buscamos identificar as falas que melhor caracterizam o confronto de opiniões, sobre os desmatamentos, e como isso repercute na produção noticiosa. A análise quantitativa revelou que houve uma predominância das fontes dos setores Políticos: representadas, na sua grande maioria, pelo governo federal – através do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) e do Ministério do Meio Ambiente, que atingiram um percentual de 65,21%, em relação ao total de matérias publicadas (230); seguidas das fontes do meio Científico, Econômico e Social. As fontes do meio Social, representadas pelo cidadão comum, a sociedade civil organizada, aparecem em último lugar, com um percentual de 6,52%. A análise qualitativa para examinar as falas que melhor caracterizam o confronto de opiniões, concluiu que: madeireiros, políticos, pesquisadores e entidades sociais consideram a falta de regularização fundiária, como a principal causa dos desmatamentos ilegais na Amazônia; e que as ações de fiscalização do governo federal, juntamente com a implementação de políticas públicas, incluindo a criação de Unidades de Conservação (UCs), e o reflorestamento das áreas já degradadas, representam um avanço no combate aos desmatamentos na Amazônia. Constatamos, por outro lado, que fontes ligadas aos meios científicos e políticos, defendem a manutenção da “floresta em pé”, como a alternativa mais coerente, do ponto de vista social e ambiental, e mesmo econômico, para a preservação da Amazônia, enquanto maior patrimônio genético do planeta e, também, para assegurar a sobrevivência dos mais de 23 milhões de pessoas que vivem na região, principalmente, daquelas populações que dependem do extrativismo para o seu sustento.