Abstract:
Em nossa pesquisa, tentamos evidenciar as influências das avaliações em larga escala da educação básica, promovidas pelo Ministério da Educação nas ações de gestão que chegam às escolas, bem como no dia-a-dia delas, no município de Canoas/RS. Para uma melhor compreensão do contexto educacional estudado, buscamos, inicialmente, compreender como se deu a constituição das políticas de avaliação em nosso país. Nossa investigação deu-se a partir da visão dos sujeitos escolares de três escolas do município, que apresentam contradição nos índices do IDEB, atingindo as metas nos anos iniciais e não atingindo nos anos finais: E.M.E.F. Prefeito Edgar Fontoura, E.M.E.F. Monteiro Lobato e E.M.E.F. Rondônia. Nossa pesquisa é qualitativa e histórico-crítica, desenvolvida através de entrevistas semiestruturadas com gestores escolares, diretoras e supervisoras das três escolas, bem como através da aplicação de questionários mistos aos professores dessas escolas. No desenvolvimento da pesquisa, ficou evidente a crítica dos sujeitos participantes às avaliações em larga escala promovidas nacionalmente, mas ficou evidente também que são os resultados dessas avaliações que fazem com que os municípios desenvolvam ações vinculadas a elas. Como principal crítica às avaliações, foi destacado o fato delas priorizarem apenas os resultados, desconsiderando as realidades escolares. Percebemos que, mesmo os municípios estando envolvidos nos processos avaliativos de viés gerencial, promovidos pelo Estado, há processos de gestão democrática nas ações desenvolvidas pelos gestores educacionais municipais. No município pesquisado, Canoas/RS, nota-se, claramente, ações democráticas voltadas para a educação. Um exemplo disso é o sistema municipal de avaliação, que é elaborado por uma comissão de professores da rede. Em relação às contradições dos índices nos anos iniciais e finais do ensino fundamental das escolas pesquisadas, ficou evidente que, por trás do resultado final, existem muitas outras questões, que precisam ser destacadas. A maioria dos sujeitos da pesquisa apontaram uma questão específica: a falta de participação dos pais na vida escolar dos filhos. Ao finalizarmos este trabalho, destacamos que o município consegue, a partir do processo nacional gerencialista de avaliação, que tem a finalidade de regular e controlar nosso sistema de ensino e que recebe duras críticas dos sujeitos das escolas, desenvolver um sistema de avaliação a nível municipal que é defendido pelos mesmos sujeitos que criticam a avaliação nacional. Certamente, isso se dá em função da forma como a avaliação local é constituída, a partir da participação dos professores na elaboração das questões das provas, além dos profissionais receberem um retorno dessas avaliações. Isso os faz sentirem-se participantes do processo, o que acaba por legitimar a avaliação municipal, mostrando que uma nova forma de avaliação é possível, vinculada ao processo de gestão democrática das escolas.