Resumen:
As áreas úmidas são reconhecidas internacionalmente como ecossistemas prioritários para a conservação, pois apresentam grande importância na sobrevivência de inúmeras formas de vida, além de inúmeras funções e valores para a humanidade. Estima-se que 50 % das áreas úmidas originais da Terra já foram degradadas. Nesse sentido, a seleção de áreas úmidas prioritárias para a conservação é um grande desafio, sendo necessários levantamentos da biodiversidade a fim de subsidiar programas de manejo e conservação destes ecossistemas. As áreas úmidas pequenas também são hábitats particularmente importantes para herpetofauna devido à estreita dependência desses organismos com os ambientes aquáticos durante as diversas fases de vida. A importância das áreas úmidas pequenas para a comunidade de anfíbios tem sido pouco estudada no sul do Brasil. Essa lacuna no conhecimento ainda é mais preocupante, visto que, a região do Estado do Rio Grande do Sul apresenta de 15% da fauna total de anfíbios do país com maior diversidade de anfíbios do mundo. Os objetivos deste estudo foram (1) conhecer a diversidade de anfíbios anuros em oito áreas úmidas pequenas do sul do Brasil (2) comparar a variação da riqueza, abundância e composição de anuros entre dois tipos de áreas úmidas (com e sem lâmina de água superficial), (3) analisar a influência do tamanho das áreas úmidas, temperatura do ar, umidade relativa, precipitação nas assembléias de anfíbios anuros e (4) oferecer informações para programas de conservação de áreas úmidas do sul do Brasil. Um total de oito áreas úmidas foi amostrado trimestralmente entre Março de 2006 e Fevereiro de 2007 na bacia do Arroio Santa Bárbara, município de Pelotas. Foram identificadas 16 espécies de anfíbios anuros distribuídas em seis famílias. A Família Hylidae foi a mais representativa (43,75%). A riqueza média (F4,24=78,230; P<0,001) e abundância (F4,24=46,719; P<0,001) de anuros variaram temporalmente nas áreas úmidas analisadas. A riqueza e a abundância de anuros foram maiores nas áreas úmidas permanentes (F1,6=122,223; P<0,001; F1,6=32,421; P<0,001, respectivamente) que nas áreas úmidas sem laminas de água. A riqueza e a abundância total de anuros não foram influenciadas pela precipitação acumulada, umidade relativa e temperatura do ar (R2 =0,942, F3,1=5,407 P=0,304 e R2 =0,991, F3,1=38,721 P=0,117, respectivamente). A riqueza e a abundância de anfíbios não foram influenciadas pelo tamanho nas oito áreas úmidas analisadas (R2 =0,222; F1,6=1,717; P=0,238; R 2 =0,378; F1,6=3,648; P=0,105, respectivamente). Este estudo apresentou informações ecológicas importantes sobre a comunidade de anuros, proporcionado informações relevantes para os programas de conservação da biodiversidade do sul do Brasil.