Resumen:
Este trabalho objetiva apresentar a trajetória de pesquisa realizada no contexto empírico da romaria e do Santuário de Nossa Senhora de Caravaggio, na cidade de Farroupilha-RS. Utilizamos, para a construção de dados, o método etnográfico, realizando observação participante, entrevistas, pesquisas em sítios da web, conversas com os atores, imagens fílmicas e fotográficas das romarias e períodos da festa do dia 26 de maio. Buscamos compreender, desse modo, como os agenciamentos de diferentes atores influenciam os modelos devocionais presentes na devoção a Caravaggio. A procura por imprimir uma lógica “instrumental” à religião remete ao fato de que a Cultura passa por um processo de profunda ressignificação, mudando seus contornos para a centralidade que a performatividade assume hoje em dia na ação e nos projetos dos agentes. Ao invés de privilegiarmos uma única linha de força ou lógica de ação presente na produção e promoção da romaria e de outras atividades, como caminhadas, revitalização de espaços sagrados, divulgação da devoção, etc., escolhemos compor um panorama de percepções a partir da inserção que tivemos em campo de pesquisa. Isso possibilitou dar voz e vez à ação dos atores e a seus atos (SCHUTZ, 1974). Uma consideração possível é de que, apesar de os agenciamentos em torno da devoção a Caravaggio estarem convergindo para um ponto em comum, canalizando o potencial de atração dos fiéis e romeiros ao longo do ano, eles se mantêm ainda circunscritos a certa originalidade de vocalização de interesses, objetivos e fins comuns. O movimento de aproximação ao sagrado e da religião é sempre tenso e conflitivo para os indivíduos marcados pela sociabilidade urbana impactada pela secularização. Apesar de aventada tal hipótese, um projeto de igreja torna-se manifesto em meio a este período de desinstituicionalização religiosa.