Resumen:
O enfrentamento de situações usualmente identificadas como de (in)disciplina escolar requer mudança nas concepções e práticas docentes. Para tal, ações cooperativas, reflexões e, por vezes, replanejamentos podem garantir um clima mais adequado para que a escola cumpra suas finalidades essenciais. Diante disso, este trabalho teve como objetivo investigar mudanças nas concepções e práticas de educadoras e gestoras a respeito da (in)disciplina escolar durante o curso de Formação Continuada, desenvolvido através da modalidade pesquisa-ação, cuja essência é a reflexão cooperativa. As ações aconteceram na Escola Municipal de Ensino Fundamental Attílio Tosin, localizada na cidade de Garibaldi, no Rio Grande do Sul. O corpo docente da escola, subdividido em três grupos de trabalho, reuniu-se quinzenalmente sob orientação da coordenadora da pesquisa. Registros em diário de campo, associados a depoimentos/entrevistas, contribuíram para dar continuidade ao processo, à luz de referenciais de teóricos como Ives La Taille, Hanna Arendt, Celso Vasconcellos, Maria Luiza Xavier e Joe Garcia. A diversidade de concepções e práticas das professoras fica evidenciada em suas falas durante encontros e/ou entrevistas realizadas. De início, a maioria relaciona (in)disciplina ao comportamento inadequado do aluno frente às normas e regras escolares, embora reconheçam que as mesmas não existem ou não são suficiente ou democraticamente discutidas para serem plenamente acatadas por alunos e docentes. A pesquisa constata que, à medida que se desenvolve o processo de formação, os queixumes vão diminuindo. Leituras e discussões apontam para a necessidade de um novo olhar. Embora algumas professoras continuem resistentes a mudanças, a maioria assume que todo docente tem responsabilidade de resolver situações de conflito, evitando identificar causas e soluções em instâncias externas à sala de aula. As professoras avaliam a experiência como altamente significativa, emitindo posicionamento favorável à continuidade desse tipo de formação. Conclui-se que carências teórico-práticas identificadas, sejam das professoras ou da equipe gestora, podem ser paulatinamente sanadas se a escola (e a Rede Municipal) criar espaços de estudos e discussão coletiva, ou seja, espaços de formação continuada.