Abstract:
Humanização é valorizar os diferentes sujeitos implicados no processo de produção de saúde, buscando autonomia e a participação coletiva para melhorar os serviços, conforme a Política Nacional de Humanização – PNH, criada em 2003, depois desta construção, muito tem se refletido e discutido sobre o tema. Sendo assim, esta dissertação partiu de um estudo que teve o objetivo de analisar o prazer e o sofrimento psíquico de técnicos de enfermagem mediante a percepção e aplicação da prática humanizada no seu trabalho. A pesquisa teve um delineamento qualitativo exploratório-descritivo e foi orientada teoricamente pela abordagem da Psicodinâmica do Trabalho. O estudo foi realizado na região sul do Brasil, e contou com a participação de seis técnicas de enfermagem, com idades entre 26 e 52 anos (M= 38; DP= 10,1), que trabalham em hospitais que realiza atendimento pelo SUS. As participantes foram selecionadas a partir do método Snowball. A coleta dos dados foi realizada através de entrevista semiestrutura e de análise de documentos públicos. Os dados gerados na pesquisa foram submetidos à análise de conteúdo e descrevem categorias. Os resultados obtidos nesta pesquisa foram organizados em dois artigos empíricos, que compõem esta dissertação. Na primeira seção é apresentado o artigo Humanização em Saúde: da prescrição política à realidade do trabalho do técnico de enfermagem. Os resultados mostraram que a humanização em saúde é percebida pelos técnicos de forma fragmentada, atrelada predominantemente ao atendimento ao paciente, o que pode ser consequência da falta de informação sobre o tema. Os técnicos de enfermagem referem que o amor à profissão e a empatia para com os pacientes são o que impulsiona na realização de um atendimento mais humano, em que a técnica serve de ponto de partida para o humano se sobressair. Diante desses resultados, conclui-se que a proposta da humanização em saúde, na prática, tem sido realizada parcialmente, sendo apenas direcionada ao cuidado ao paciente. Na segunda seção encontra-se o artigo Técnicos de Enfermagem: vivências de prazer e sofrimento na busca de um cuidado humanizado. Apesar de às vivencias de sofrimento se destacar, os técnicos de enfermagem relacionaram o prazer ao reconhecimento do trabalho pelo paciente e pela manifestação verbal de agradecimento. Quanto às vivências de sofrimento destacaram-se a sobrecarga de trabalho e a falta de tempo na prestação de um atendimento mais humanizado, a rivalidade entre colegas, além da falta de reconhecimento do trabalho pela organização e chefia. Como estratégia de enfrentamento foi identificada o uso do bom humor e a tentativa de desconectar do trabalho no ambiente familiar. Conclui-se que a humanização, na experiência do técnico de enfermagem tem gerado sofrimento no trabalho, uma vez que a organização do trabalho não possibilita ao trabalhador protagonizar suas intervenções. Através das discussões apresentadas nos artigos pôde-se considerar que a humanização em saúde, como tem sido aplicada e enfatizada pelas organizações de trabalho, tem intensificado o sofrimento, e consequentemente, os agravos à saúde, pois a humanização não se restringe a política, ela se efetiva frente ao confronto real do trabalho.